A aliança de última hora de Marina Silva (Rede Sustentabilidade) à candidatura Eduardo Campos (PSB), já em marcha, mostra alguns equívocos dos marineiros, mas também pode significar o fim do Fla-Flu eleitoral dos últimos anos entre PT e PSDB. Até junho de 2014, muita água vai correr por debaixo da ponte. A seguir, seis considerações sobre o surgimento de uma "terceira via" que pode virar "segunda via".
1) Com o "capital eleitoral" conquistado na última campanha presidencial, quando obteve cerca de 20 mihões de votos, Marina Silva e sua equipe de articuladores demoraram muito para lançar a ideia de um novo partido, a Rede Sustentabilidade. Isso ocorreu só no início deste ano, em fevereiro. Não houve tempo suficiente para conseguir o total mínimo exigido de assinaturas reconhecidas [492 mil], uma vez que era sabido que a Justiça Eleitoral costuma rejeitar milhares de assinaturas [a Rede obteve 304 mil validações].
2) A cúpula da Rede parecia crer que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seria benevolente, e incapaz de barrar o novo partido devido à presença de Marina na mídia, seu histórico, seu carisma e, mais, com as pesquisas apontando-a com 26% das intenções de voto para presidente.
3) Essa postura, quase "certeza" em relação ao tribunal, permitiu que Marina Silva e sua Rede não tivessem um plano B. Não foi à toa que a presidenciável, surpreendida, disse logo depois de perder por goleada na Justiça [6 a 1] que a Rede era "o primeiro partido clandestino da democracia". Ninguém nega a grandeza da candidatura, mas a Justiça não podia abrir exceções. Por isso, os ministros [alguns até lamentando] barraram o registro da Rede. Eles apenas aplicaram a lei.
4) Com esse resultado, Marina tinha duas opções, ambas difíceis: continuar o processo formal de criação da Rede Sustentabilidade [esperando por mais 4 anos, e arrumando um jeito de fazer oposição] ou filiar-se a um partido menor, desses de aluguel, onde seria a candidata -- embora isso significasse entrar na disputa pela porta dos fundos, fazendo uso de prática da "velha política".
5) O plano C, de Eduardo Campos, candidato pelo PSB, surgiu então, em cima da hora, como uma forma de permanecer ativa no cenário político, emplacando no programa da chapa suas preocupações ambientais e outros pontos programáticos. Sem falar nos ajustes que terão de ser feitos nas alianças estaduais, o dilema dessa escolha é que uma candidata com 26% das intenções de voto teria que ir a reboque de um candidato com 8% apenas [três vezes menos]. Marina disse, num dia, que decidiu "adensar uma candidatura já posta". Em outro dia, porém, declarou: "Nós dois somos possibilidades". O bafafa está formado. Será que essa aliança dura, nesse formato? [se durar, será o fim da Rede?]
6) A expectativa é enorme em relação às pesquisas eleitorais após esse acordo. O quanto do eleitorado de Marina vai "adensar" a candidatura Campos? Para onde irão os descontentes da Rede [os "puros" e "viúvos"] com a opção de Marina [que não quis ser Madre Teresa de Calcutá]? O que será de Campos se as pesquisas mostrarem que as chances aumentam se Marina for a cabeça na chapa? A adesão marineira aos "socialistas" será suficiente para rebaixar os tucanos à terceira força, fazendo com que se rompa pela primeira vez, nos últimos pleitos, com o Fla-Flu político entre PT e PSDB?
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