sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O RESUMO DA ÓPERA - SEMPRE ÀS QUINTAS

UMA LEITURA SEMANAL DOS JORNAIS -  N12 -- 28.01.2016

POR GEORGE ALONSO


Em manchete a mentira do governo Geraldo Alckmin

Jornalismo zero e zero em matemática

        A “Folha” errou? Viral na rede, a informação de que a manchete da "Folha" escondeu a verdade sobre a taxa de homicídios no Estado de São Paulo. Pela metodologia da Secretaria de Segurança, uma chacina é considerada UMA morte nas estatísticas, mesmo que tenham sido assassinadas cinco, seis, sete, oito, dez pessoas. A taxa também não considera latrocínio (roubo seguido de morte) como homicídio. Como latrocínio e assassinato cometido por PM não são considerados “homicídios dolosos”, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes caiu para 8,73. Do contrário, subiria para 11,7 para cada 100 mil habitantes. Acima de 10, a taxa é considerada “epidêmica” pela ONU.

       Conclusão: bem torturados, os números podem dizer qualquer coisa!

       E mais: a UOL publicou como verdadeira uma piada sobre o motivo da falta de pasta de dente na Venezuela: os venezuelanos estariam escovando demais os dentes, três vezes ao dia. [não há dúvida sobre o caos econômico do país vizinho, mas copiar e usar como verdadeiro uma piada de um site daquele país... Sem comentários.]

Jogo de cena

      "Não posso continuar em um partido que tomou mais de R$ 300 milhões da Petrobras", afirmou o apresentador de TV José Luiz Datena, ao anunciar que vai sair do PP. A desistência, em meados janeiro, se deu um dia depois de o jornal "O Estado de S. Paulo" publicar reportagem que mostrou que a Procuradoria Geral da República estimou em R$ 358 milhões o total de propinas obtidas pelo PP, entre de 2006 e 2014, no esquema de assalto à Petrobras. Ele também lá não estava disposto a enfrentar Paulo Maluf em eventual prévia do partido para a disputa do cargo de prefeito paulistano. "Jamais disputaria uma prévia eleitoral com Maluf. Preferia uma disputa com Marcola", ironizou Datena [Marcos Herbas Camacho, chefão do PCC, facção do crime organizado].

      Puro jogo de cena: o PP sempre teve Maluf e sempre esteve acusado de se envolver em casos de corrupção... E Datena não sabia?  Ah, tá!

O troféu

Faixa abandonado no "protesto" contra a democracia

       Enquanto não pegarem Lula, não vão sossegar... Ele é o alvo. Dilma é apenas um pretexto. O objetivo é destruir o PT e se puder com a foto do ex-presidente, na capa de todos os jornais, algemado..A investigação da Operação Lava-Jato, notável esforço anticorrupção, pode servir para ferir de morte a democracia. Eu já vi esse filme... Ele se passou em 1964. O que faziam na última terça-feira na Marginal Pinheiros, na pista local entre as pontes Cidade Jardim e Eusébio Matoso (sentido Castello Branco), 14 pessoas [exatas 14] com uma gigante bandeira verde e amarela, em forma de faixa, paralisando o trânsito, durante quase todo o dia, com gritos contra Lula e Dilma. A PM do Alckmin não apareceu... Ah, se fossem estudantes! E ainda ontem havia uma lembrança do "protesto" no canteiro central. Uma faixa pendurada numa árvore [foto acima], com o seguinte dizer: "Comunismo, não!"  Não faltou, claro, pedir a volta dos militares ao poder.

Imprudência (?) e o direito à defesa

      O Ministério Público Federal afirmou na última segunda-feira (25), em audiência com o juiz Sergio Moro, que parte dos depoimentos prestados pelo lobista e delator Fernando Moura não foram gravados. O pedido para ter acesso a áudios e vídeos referentes a termos de delação premiada com informações cedidas pelo lobista foi feito pela defesa do ex-ministro José Dirceu. Após ouvir Moura dizer ao juiz Moro, na semana passada, que havia trechos nos termos de sua delação premiada que ele não falou no momento em que prestou o depoimento a Polícia Federal e a procuradores da Força Tarefa de Curitiba, o advogado Roberto Podval quis ter acesso ao material para "esclarecer o que foi dito".  O pedido não poderá ser atendido, segundo o despacho de Moro, já que o MPF disse não ter gravado os depoimentos solicitados pela defesa de Dirceu.  À "Folha", Podval afirmou que ainda não sabe qual medida tomará diante do fato de que os áudios não existem. Para os defensores, causou estranheza a ausência das gravações, já que o padrão da Lava-Jato é gravar os depoimentos dos delatores durante o processo de colaboração premiada.  O quadro esquemático abaixo foi publicado pela "Folha”:


NÃO É BEM ASSIM...
O que o delator Fernando Moura disse à PF e desdisse, agora, ao juiz Sergio Moro

ANTES
DEPOIS
A FUGAEm 2005, foi orientado pelo então ministro José Dirceu a sair do Brasil e ficar no exterior “até a poeira baixar”“Depois até que assinei [o depoimento] que eu fui ver, diz que o Zé Dirceu me orientou a isso. Não foi esse o caso.”
AJUDA DO AMIGO MINISTRODirceu o orientou a arrumar uma empresa e prometeu ajudá-lo em seus negócios. Foi quando indicou ao governo do PT, a pedido do dono da Etesco, o nome de Renato Duque para diretor da Petrobras“Não sei se a última palavra na indicação de Duque foi do José Dirceu”
A ETESCOMencionou arranjo entre a Etesco e Duque para que a empresa fechasse contratos milionários com a PetrobrasDisse não saber se a Etesco foi ajudada por Duque e afirmou: “Devem ter preenchido um pouquinho mais do que eu tinha falado. Mas se eu falei, eu concordo”
PADRINHO DE DUQUEDisse que Duque e os donos da Etesco “ficaram milionários” com os negócios na Petrobras, e que a Etesco também lucrava ao repassar contratos a outras empresasIndagado a respeito pelo juiz Moro, respondeu: “O Licínio [Machado, dono da empresa] já era [milionário], sempre foi”

OUTROS EPISÓDIOS
Não é a primeira vez que um delator muda sua versão

PAULO ROBERTO COSTA, ex-diretor da Petrobras
> Desvios na estatal: Primeiro, disse que a propina era obtida via Petrobras, em contratos superfaturados. Depois, que saía da margem  de lucro das empresas

> Renan Calheiros e Romero Jucá: Disse que os senadores recebiam propina, mas depois só citou reuniões com os políticos

ALBERTO YOUSSEF, doleiro
Aécio Neves: Disse que o tucano ganhou propina em Furnas no governo FHC. Depois, afirmou que só tinha ouvido falar que o senador tinha influência lá

NESTOR CERVERÓ, ex-diretor da Petrobras
Lula: Apontou propina para a campanha do ex-presidente, vinda da refinaria de Pasadena (EUA). A menção sumiu em seu termo de delação

AUGUSTO MENDONÇA, empresário
Renato Duque: Primeiro, disse que o ex-diretor recebeu US$ 6 mi. Depois, afirmou que ele não ficou com todo o dinheiro






Nenhum comentário:

Postar um comentário