sexta-feira, 2 de setembro de 2016

AQUELE ABRAÇO


 
              Definitivamente, não há nada igual a um abraço. O abraço apertado de um filho provoca sensações únicas, além da certeza de que um amor inigualável e incondicional está ali. Nada como o abraço fraterno de um pai, de uma mãe, de um irmão. Abraçar é como lavar a alma. Abraçar é receber sem medo, de peito aberto. Abraçar é sentir a presença, é produzir mais calor. Abraçar é aceitar, é um reconhecimento. Mas há outros tipos de abraços, de amizade, solidariedade, união. Muitas vezes é um sinal de confiança ou de agradecimento. Há momentos também em que abraçar é um jeito de explodir... de alegria. Quantas vezes abracei estranhos, homens e mulheres, em um estádio na euforia de um gol, no instante de partilhar a vitória do que quer que seja. Também é uma emoção única. Existe ainda aquele abraço de despedida, às vezes mais distante [com ou sem lágrimas] e cheio de formalidades: esse é como dançar juntinho sem se tocar, como andar na rua sem dar as mãos.
              Mas ele anda mesmo é sentindo falta "daquele" abraço. Não é qualquer abraço: é aquele apertado, apaixonado, esparramado na cama ou de pé contra a parede -- que ela lhe dava e ele se derretia. Será que ela já esqueceu o jeito de abraçá-lo? Ela ainda se lembra do primeiro abraço, ambos um pouco acanhados antes do primeiro beijo? Ele sente saudades daqueles dias na Serra da Mantiqueira. "Espere aí, me abrace de novo, sem medo, com força!", sonha. Era como se o corpo dele fosse uma peça inteira de "lego" do dela: macho-fêmea. Onde estará ela agora? Será que ela ainda pensa nele? [ele sabe que não, seja pelo que for][ele sabe que sim, mas de modo diferente]. Será que, como ele, anda abraçando travesseiros para aliviar a sua ausência? Onde foi que se perderam? Ah! Que difícil tem sido a tentativa de apagá-la da memória: um pouquinho que fosse, já seria um alívio para esse sofrimento. Ah! Que vontade ele ainda tem de dar um longo abraço silencioso, aquele sem palavras. E deixar que o laço dos braços e toque dos umbigos falem por si. Simplesmente um abraço, e pronto. E ver o que acontece. Quem sabe a magia volta, imagina.
            Bem que ele queria que esse abraço redentor fosse à beira-mar. "Nós nunca fomos à praia juntos", diz em voz alta para si mesmo. Ficou essa lacuna. E ele adora praia. Será que algum dia ainda será possível? "Será que nunca veremos juntos o horizonte, da areia?", continua. Ele sabe que não dá mais tempo. Nem se um dia dará. Ela se foi, e mandou "aquele abraço" [não o sonhado por ele], como se estivesse partindo para um auto-exílio, cumprindo seu suposto destino. Ele ficou, e só pôde dizer... boa viagem!

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