segunda-feira, 30 de setembro de 2013

TERROR NA INTERNET




Duas notícias chamam a atenção hoje (dia 30) para o uso da rede mundial de computadores para malfeitorias e terrorismo contra pessoas e países. A primeira, publicada pelo "The New York Times" mostra o drama de vítimas que lutam por leis que impeçam a vingança on-line, como por exemplo a publicação de fotos íntimas de ex-namoradas ou ex-esposas. A segunda, que saiu na "Folha", trata da descoberta e suspensão de uma conta oficial da Al Quaeda no Twitter. Na terça-feira (dia 24), o site Shumukh al-Islam [fórum de jihadistas, soldados da guerra santa islâmica, e local por onde terroristas passam “recados” aos inimigos, americanos e europeus] abriu o endereço twitteiro [@shomokhalislam] com acesso livre. Funcionou por cinco dias. O Twitter suspendeu a conta no domingo (dia 29), quando já tinha 2 mil seguidores, principalmente curiosos e jornalistas. Essa é só uma faceta da guerra cibernética -- na qual a rede pode ser usada para desorganizar sistemas muito importantes de outros países. Neste caso, o monitoramento absurdo de e-mails da presidente Dilma e a vigilância das operações da Petrobras são "fichinha".

Reproduzo o texto do "NYT" sobre vingança on-line, por tocar em algo próximo do dia a vida

Ele era um sujeito "com um charme meio nerd", recorda Marianna Taschinger, 18 (foto acima), combinação irresistível para a adolescente de uma pequena cidade do Texas. Os dois namoraram, romperam, voltaram a namorar. Ele pediu que ela escolhesse um anel de noivado. Também fez outro pedido: que ela tirasse fotos nua e as enviasse. "Disse que se eu não mandasse as fotos, não confiava nele, e com isso não o amava", conta Taschinger. Segundo ela, ele prometeu jamais mostrar as fotos a ninguém. E ela acreditou, até dezembro passado, mais de um ano depois do rompimento, quando uma dúzia de imagens que a mostravam sem roupa foram postadas em um site que tem por foco a chamada "pornografia de vingança". Ela está processando o site e o ex-namorado.

     Os sites de pornografia de vingança publicam fotos postadas por ex-namorados, ex-maridos e ex-amantes, muitas vezes acompanhadas por descrições e detalhes que permitem identificação. As páginas, que vêm proliferando, são no geral imunes a processos criminais. Mas a situação pode estar mudando. Legisladores da Califórnia aprovaram, neste mês, a primeira lei cujo objetivo é controlar tais sites. A pornografia de vingança pode ter efeitos devastadores. Algumas vítimas dizem ter perdido empregos, recebido abordagens públicas de desconhecidos que reconheceram suas fotos, desfeito amizades e enfrentado dificuldades em seus relacionamentos familiares. Algumas dizem ter mudado até de nome.

       Quando as vítimas procuram a polícia, são invariavelmente informadas de que não há muito que fazer. Processos podem ocasionalmente resultar em pagamentos da parte de quem postou as fotos, ou no fechamento de um site. Porém, depois que as imagens estão na rede, terminam copiadas em dezenas ou centenas de outros sites.  Quando Holly Jacobs, da Flórida, mudou de nome para se dissociar de fotos postadas por um ex-namorado, ela logo as encontrou identificadas pelo seu novo nome. E os proprietários e operadores dos sites responsáveis contam com a proteção de lei federal, que os isenta de responsabilidade por material postado por terceiros. "É um modo bem fácil de impedir que uma pessoa arranje emprego, namore e de talvez colocá-la em risco físico", diz Danielle Citron, professora da Universidade de Maryland, que está escrevendo sobre o assédio on-line.

        Só Nova Jersey conta com uma lei estadual que permite processo criminal contra os responsáveis, ainda que a medida não tenha sido redigida tendo em mente a pornografia de vingança. Mas as propostas enfrentam oposição vinda de críticos que se preocupam com a possibilidade de que leis desse tipo violem a proteção constitucional à liberdade de expressão. E mesmo a lei californiana torna apenas algumas das formas de posts de vingança ilegais, como delitos puníveis por pena de prisão e pesada multa; a lei só se aplicaria a fotos tiradas por outros e postadas com a intenção de causar sério incômodo. "O texto perdeu força enquanto percorria o caminho do Legislativo estadual", diz Charlote Laws, que começou a pressionar por leis do tipo quando fotos de sua filha, Kayla, apareceram na web.

          Algumas mulheres que se tornaram vítimas de ex-namorados inconformados abriram processos civis contra eles alegando violação de direitos autorais, invasão de privacidade ou, em certos casos, pornografia infantil. Em Michigan, um juiz federal no mês passado concedeu indenização de US$ 300 mil em um processo aberto por uma mulher cujas fotos foram publicadas no yougotposted. Taschinger é uma das 25 queixosas, cinco das quais menores de idade, que estão processando a Texxxan.com, bem como a GoDaddy, a companhia que hospedava o site agora extinto, por invasão de privacidade.

         O ex-namorado de Taschinger, Eastwood Almazan, também é acusado, além de sete outros homens que o processo alega terem subido fotos de queixosas para o site. Por telefone, Almazan, 35, negou ter postado imagens de Taschinger ou de quaisquer outras mulheres. Ele disse que não conhecia o site Texxxan.com e que nem tinha computador.

        John Morgan, advogado em Beaumont, Texas, que representa Taschinger e as demais queixosas, disse que o site está sob investigação no Texas pela divisão de crimes cibernéticos do FBI e pela polícia do condado de Orange, na Califórnia. Nem todos concordam em tratar a pornografia de vingança como crime seja a melhor estratégia. Marc Randazza, advogado de Nevada que representa mulheres no caso contra o yougotposted, diz acreditar que soluções civis sejam preferíveis. "Por mais horríveis que eu ache as pessoas que fazem coisas desse tipo", ele disse, "será que precisamos de mais uma lei para colocar pessoas na cadeia nos EUA?".

       Alguns especialistas, como Eric Goldman, professor de direito na Universidade de Santa Clara, afirmaram que leis estaduais poderiam ser contestadas por violação de liberdades constitucionais. Um exemplo do formato que uma lei como essa poderia ter foi rascunhado por Mary Anne Franks, professora de direito na Universidade de Miami. Ela diz que a oposição a esse tipo de legislação muitas vezes deriva da atitude de culpar a vítima, de responsabilizar a mulher por permitir que as fotos fossem tiradas. "No momento em que surge a informação de que a mulher deu a foto voluntariamente ao par, a simpatia por ela some", diz Franks.

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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

DEPOIS DA ANESTESIA



O diagnóstico: hérnia de umbigo. Teria de operar. Pronto, de cara um "sossega leão" para que  dormisse bem pesado. Alguns minutos depois, meio zonzo, é levado do quarto. Lembra-se de percorrer corredores do hospital deitado numa maca, rumo à sala da cirurgia. Via as pessoas, as luzes, escutava os barulhos, mas tudo já parecia meio distante e um pouco embaçado. A sala de cirurgia era grande, bem espaçosa. Chegara a hora da anestesia. Uma enfermeira passa e, de relance, diz: "Vou cuidar de você, fique tranquilo". Estava calmo [em que estado poderia estar depois de tomar aquele torpedo sonífero?]. De repente, abre os olhos e vê um enfermeiro ao lado. A pergunta: "Quando vai começar?" A resposta: "Já acabou!"

    Fica perplexo. Tinha perdido a noção de tempo, não sentia dor, nada. Tudo tinha acontecido literalmente em um piscar de olhos. Se morrer for assim, apagar sem perceber, que bom! Divagou: nem vou ficar sabendo que morri. Que alívio! Desde a infância a morte nos corteja, pensamos nela, tememos o fim, imaginamos o que viria depois dela -- porque queremos, "do fundo de nossa alma", a continuidade, a "imortalidade" mesmo que em nova dimensão. Se ela existir. Desde que lhe contaram que o avô virara uma estrela no céu, e que só voltaria a falar com ele quando também se tornasse uma estrela, o assunto o aflige de algum modo. Sem saber, teve até o mesmo pensamento do cineasta espanhol Luis Buñuel, que gostaria de descer do além, de tempos em tempos, ler as notícias do dia e retornar às alturas celestiais.

     Numa dessas descidas, com sorte, leria histórias como a de Jason, que, depois de uma cirurgia de hérnia, não reconheceu a mulher, Candice, com quem é casado há seis anos. Ao acordar, meio grogue, ele começou a paquerá-la, como se fosse um amor à primeira vista. "O médico que mandou você aqui? Como você é linda! É a mulher mais linda que já vi. Você é modelo?" Ela, pega de surpresa, começa a rir, e diz: "Sou Candice, sou sua mulher. Estou aqui ao seu lado, coma a bolacha!". "Você é a minha mulher? Meu Deus, há quanto tempo". "A gente tem filhos?"."Ainda não". "A gente já se beijou?". Candice ri de novo e insiste para ele comer a bolacha. "Está difícil, baby", diz Jason, sentindo ligeira dor. "Por quanto tempo estamos casados?". "Muito tempo". "Meu Deus, tirei a sorte grande. Deixa eu ver seu rosto. Nossa, que dentes perfeitos. Vira de costas!". "Não! Come a bolacha". "Eu te dei esse anel? Devia estar gostando muito de você".

     Antes de voltar aos céus, após dar boas risadas com histórias como essa, confabularia consigo mesmo. Deveria existir uma cirurgia que "zerasse" os namoros ou os casamentos, para que pudéssemos viver tudo de novo, com direito a duas versões, como ocorre com aparelhos eletrônicos nos dias de hoje. Recomeçar do início ou de onde parou? De qualquer forma, em ambos os casos, o passado vivido teria sido apagado.

      De repente, de volta ao quarto, pergunta: "Já foi mesmo?". Estava estupefato com a rapidez da cirurgia, que normalmente dura uns 40 minutos. E durou, só ele que não notou. O médico cirurgião, então, reaparece em visitinha rápida: "Deu tudo certo, e você ganhou um umbigo de miss". Agradeceu [não pelo umbigo, claro!]. Como Jason, ele também estava bem zonzo e eufórico. Não parava de perguntar. "Acabou mesmo? Não senti nada", dizia à irmã que o acompanhou em sua primeira imersão hospitalar. "Estou ótimo, quero uma feijoada!", pede, com ironia. Risos. O médico pergunta: "Ele é sempre assim?". Exceto quando está com fome, revelou a irmã, sobre os humores do paciente.
    
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terça-feira, 24 de setembro de 2013

MENTIRAS URBANAS 1 - CÁPSULAS ANTICONTATO



As grandes cidades brasileiras cresceram muito rápido nos últimos 50 anos, e o Brasil passou a ter uma população urbana maior do que a rural. Esse processo gerou uma série de crises. São Paulo é o retrato mais fiel desse cenário caótico. Crise na moradia, porque não há dinheiro para fazer casas para todos. No saneamento, porque [além de não render votos, por ser obra invisível] a rede de esgoto não cresce na mesma velocidade dos loteamentos clandestinos nas periferias. E crise nos transportes [motivo pelo qual escrevo esse texto] porque a [i]mobilidade urbana não se restringe à falta de mais linhas de metrô e uma melhor organização do sistema de ônibus. Há um fator cultural: o brasileiro gosta de andar de carro -- gosto que foi "exportado" à nação pelo paulistano, que é viciado em quatro rodas desde os tempos dos corsos do carnaval. Arranha-céu é outro modelo paulistano ["comprado" de Nova York e também "exportado" à nação]. Enfim, carro é sinônimo de status e prédios, de suposto progresso. Em nome desses dois totens das cidades, atrocidades urbanísticas se espalham pelo país.

       São Paulo já se orgulhou dos slogans "a cidade que mais cresce no mundo" e "a cidade que não pode parar". Dois grandes equívocos dos anos 60 e 70. Pelas opções que fez, hoje paga o preço. A cidade está parada [quando se gasta uma hora de carro para trazer o filho da escola para casa, algo está muito errado]. A lei da física se impôs: dois corpos não ocupam o mesmo lugar [São 7 milhões de veículos]. Hoje se mede o tamanho dos congestionamentos por quilômetros, que já atingem com folga a casa dos três dígitos. Não existe mais "a hora do rush". Há "rush a qualquer hora". Se chover, então...

      Nos anos 60, na minha infância, lembro-me, você ia de Santo Amaro ao Centro de bonde. Hoje, o mesmo trecho, onde estavam só os trilhos foram feitas as avenidas Vereador José Diniz, Ibirapuera, uma na sequência da outra. O bonde subia e descia a Brigadeiro Luiz Antonio. Por que não se fez ali, naquela época, um metrô de superfície, ladeado pelas avenidas? Havia muito espaço desocupado no entorno. Era só trocar os trilhos, colocar trens e fazer as estações [o que está sendo feito agora, mas para uma linha subterrânea a um preço estratosférico]. Por que não se fez o mesmo na avenida 23 de Maio? Não devem faltar outros exemplos desse gênero pela cidade.

       Os anos 60 e 70 foram decisivos para os rumos de São Paulo: foi o período da construção de grandes avenidas, incluindo as Marginais, que deveriam ter sido feitas a um quilômetro distante das margens dos rios Tietê e Pinheiros, que hoje formariam um imenso parque linear de 40 km de extensão. Talvez o único no mundo. Agora só implodindo e explodindo coisas. Ou refazendo tudo, como no Largo de Pinheiros. Mas isso custa caro.

       A toque de caixa, a prefeitura está criando atualmente vários novos corredores de ônibus. A iniciativa é boa. Os carros ficarão mais espremidos do que já estão. Torço para estar errado, mas não acredito que muita gente irá trocar o carro pelos ônibus. O metrô parece ser mais aceito pelos futuros "ex-motoristas" -- mesmo que uma de suas principais virtudes, o conforto [além da velocidade, a limpeza e a ausência de freadas bruscas], tenha piorado nos últimos tempos, com a superlotação principalmente nos horários de pico.

       Já vi na TV muitos paulistanos dizendo que fariam a troca. É só pose. Pelas roupas e pelo modo de falar, dá até para perceber, nas entrevistas, que tem gente que nunca subiu num ônibus e nunca vai subir. Além disso, há outro problema [social], o preconceito. É velado, mas o contato com o povo parece incomodar muitos potenciais usuários. Boa parte da classe média e 100% dos que andam de SUV da Volvo nunca vão mudar seus hábitos individualistas. A solidão ao volante de um carro de luxo é muito mais confortável. É perfumada, tem ar-condicionado, música, celular, tevê, Facebook, "diversões" modernas praticadas quando se está retido nos engarrafamentos. Até cortar as unhas [já vi isso] está valendo para aliviar o estresse, ou para não perceber o tempo perdido dentro das "cápsulas anticontato".

      Recentemente, fiz um teste [obrigatório, após uma ralada feia que dei no meu carro havia a necessidade de reparos na funilaria]: durante 10 dias fui de casa, na Vila Olímpia, ao trabalho, na Barra Funda, de ônibus e metrô. De carro, gastei de 30 a 40 minutos. De ônibus [corredor Santo Amaro-Nove de Julho] e metrô, a vantagem é econômica. Em tempo, foram de 40 a 50 minutos, incluindo dois trechos a pé. [Me surpreendi de forma positiva, mesmo gastando um pouco mais de tempo] Andei de ônibus e metrô até os meus 21 anos. Não percebi muita diferença entre o passado e o presente nos ônibus. Não estão mais sujos ou apertados do que antes. Acho até que tiveram ligeira melhora. Mas a grande surpresa foram os corredores, onde a velocidade aumentou, é perceptível. Só medidas impopulares -- e com efeitos imprevisíveis -- poderiam mudar esse cenário, forçar o paulistano reticente a mudar de costume. Mas ninguém quer mexer em vespeiro.

     O carro é o vilão da vida moderna. Quem se candidata a ser o vilão dos carros e, eleitoralmente, de si mesmo?

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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

OS INCOMODADOS QUE SE MUDEM



Deu na "Folha" hoje que moradores de São Paulo se queixam da cantoria dos sabiás-laranjeiras. Na verdade, a reportagem mostra duas pessoas assumindo publicamente que se sentem incomodadas. Devem existir mais. Mas fiquei estarrecido. Na minha infância e adolescência, adorava observar os sabiás-laranjeiras ciscando no gramado de casa, no Alto da Boa Vista, zona sul da capital, uma região que ainda é verdejante.

Especialistas dizem que esse pássaro canta principalmente para defender o território de outros machos e seduzir a fêmea. O canto noturno dura cerca de 2 horas. Segundo depoimento dado à "Folha" por um ornitólogo, a fêmea entende essa paquera "sinfônica" do seguinte modo: o macho que gorjeia com mais vigor, em tese, é mais capaz de alimentar os filhotes e defender o ninho dos predadores. A cantoria começa com a chegada da primavera e se estende até o verão, época de acasalamento. Os sabiás são bons cantores.

 A opinião da jornalista Simone Galib, hoje (16 de setembro), no Facebook

"Há pessoas reclamando do barulho dos pássaros [em São Paulo], mais especificamente do sabiá- laranjeira. Pois digo que eles são uma verdadeira bênção em minhas madrugadas. Adoro ficar na varanda ouvindo essa sinfonia inusitada de primavera... que se espalha por toda a casa.
Como passarinhos podem incomodar tanto os humanos, que dormem com a TV ligada, fones de ouvidos de seus celulares, roncos e até mesmo com o barulho ensurdecedor de seus pensamentos? E nada disso os incomoda, claro! Que os sabiás continuem cantando cada vez mais alto e os incomodados que se mudem!


A minha sugestão

Os incomodados que se mudem... para outro planeta!

Em tempo: já estão abertas as inscrições para a colonização de Marte, a partir de 2023. O bilhete é só de ida. Lá não há sabiás -- aliás, nenhum pássaro, nenhum animal. Não tem também florestas, nem rios caudalosos, nem oceanos, e a temperatura varia de 70 graus negativos a 17 positivos. Ah, tem muita tempestade de areia. Só não vai enxergar quem não quiser ver.

Sugiro que os incomodados levem na bagagem um livro do escritor Gonçalves Dias, com a poesia "Canção do Exílio", porque podem dela se lembrar. A primeira estrofe diz:

"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá."

Em Marte, não se ouve um pio. Nada mais foi dito, nada mais foi perguntado.

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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O SHORTINHO DA DISCÓRDIA


Que pai não se preocupa com as roupas que os filhos usam? Pois é, é nessa hora que surge o "careta" que há dentro de nós -- e às vezes não conseguimos contê-lo. Num mundo em que a sensualidade foi substítuída pelo erotismo [quando não pela vulgaridade], lidamos mal com isso, quando o assunto envolve nossos filhos e filhas [certamente é mais difícil com filha.] Esquecemos que já fomos adolescentes e que aprendemos fazendo todo o tipo de bobagem, já fomos mais contestadores [certos ou equivocados] e "tribais". Já usamos aquele velho argumento "eu me visto como quero", "eu gosto assim e pronto", "não estou nem aí para o que vão dizer". Hoje, olhando fotografias antigas, nos divertimos ao ver nossas modas e modinhas do passado -- confesso que muitas são legais, nos fazem rir, e outras são realmente ridículas [por si só ou inadequadas para determinadas situações].

      Nos Estados Unidos, um pai -- que não conseguia demover a filha Myley da ideia de usar um short bem curto em jantar com a família -- tratou de "radicalizar". "Só quis mostrar que não é tão bonito quanto ela pensa", disse ele, segundo o site "Mail Online". Para ensiná-la a se vestir de modo "apropriado", Scott Mackintosh pegou uma tesoura e cortou uma calça jeans velha no mesmo comprimento que a roupa da filha e saiu vestido também de shortinho para o jantar (foto acima). Os filhos, hipnotizados por seus celulares, não perceberam o traje improvisado do pai. Só quando estavam perto do restaurante, a filha "rebelde" indagou sobre o motivo pelo qual o pai estava vestido daquela maneira.
  
       Inicialmente, a estratégia não deu muito certo, porque a adolescente não se mostrou constrangida com a atitude do pai. "Bom, não me importo", esnobou Myley (foto abaixo). Então, Scott resolveu ir a outros lugares públicos usando aquele short pequeno e rasgado. Mas na terceira parada, uma sorveteria, a família toda [pai, mãe e o irmão] desceu do carro. Ela, envergonhada, preferiu ficar no veículo. A fotografia de Scott de shortinho acabou publicada no Facebook e virou "viral" na internet, a ponto de Scott ser convidado a dar entrevista para uma emissora de TV local, em Utah.

      "Tenho certeza de que o modo como nos vestimos envia mensagens sobre nós, e influencia na forma como nós e os outros agimos", afirmou Scott, explicando que, queiramos ou não, os códigos sociais, quando desobedecidos, podem custar a credibilidade da pessoa ou criar falsas impressões. "Não sei se minha filha entendeu o recado, mas de qualquer forma ela sempre saberá que seu pai a ama, e se importa com ela o suficiente para fazer papel de bobo, de maluco, fora de si", declarou.

      PS - Mas o tempo muda algumas coisas. Era muito ousado homem usar brinco há 30 anos. Tatuagem era coisa de tolo e bandido... Piercing, nem pensar!
                                      


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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

USP-LESTE, PRONTA PARA EXPLODIR


É inacreditável e de lascar a informação de que o campus da Universidade de São Paulo-Leste (conhecido por USP-Leste) tenha sido construído sobre uma área contaminada. O caso revela com rara clareza como é o tratamento dispensado pelo governo à Educação. Alunos -- cerca de 6 mil --  e professores podem "ir pelos ares" devido à concentração de gás metano, substância tóxica e altamente inflamável. Não é à toa que os docentes entraram ontem (dia 10) em greve por tempo indeterminado no campus de Ermelino Matarazzo, zona leste da capital. Embora o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), tenha dito que não há riscos, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) -- provavelmente para não ser acusada de omissão -- colocou uma placa de aviso num ponto onde pode haver perigosa concentração de gás. A placa diz com todas as letras (foto acima) que a "área está interditada por conter contaminantes com risco à saúde".

        Segundo a "Agência Brasil", a Cetesb informou que já autuou a USP-Leste em 2 de agosto, para "o cumprimento do que consta na licença de operação". Foram feitas exigências técnicas para evitar um acidente grave. Ainda de acordo com a agência de notícias, está prevista a realização de um mapeamento e a interdição de áreas conforme o grau de risco -- que é real se o gás ficar retido em recintos fechados.
 
       Adriana Tufaile, da diretoria da Associação dos Docentes da USP, é necessário que a unidade seja interditada porque, segundo ela, há risco de que o gás metano possa entrar em combustão. "Nós queremos transparência e informações mais completas", disse. Por nota, a USP reconheceu que o campus Leste foi erguido em uma área "ambientalmente problemática". Durante a obra [para aplainar o terreno onde foram erguidos os prédios da USP-Leste] foram despejadas terras de origem desconhecida, que provavelmente continham lixo orgânico. Análises laboratoriais posteriores demonstraram que estavam contaminadas. A universidade já instaurou sindicância para definir as ações -- como a instalação de dutos exaustores de gás.

     "As exigências estão sendo cumpridas na medida do possível, levando em consideração os mecanismos de contratação de serviços por meio de processos licitatórios", diz a nota da USP, sugerindo que o processo legal é demorado. A USP-Leste é a sede da Escola de Artes, Ciências e Humanidades. As aulas estão suspensas até pelo menos a próxima segunda-feira (dia 16).


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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

ESTÁ ESFRIANDO OU ESQUENTANDO?


 
Afinal, a Terra está esquentando ou esfriando? No que acreditar? Parece que os cientistas estão divididos [ou perdidos?]. Já houve tempo em que a teoria do aquecimento era quase unânime na comunidade científica: o mundo estaria bem perto de uma castástrofe ambiental, com o degelo nos pólos e a elevação do nível da água nos oceanos, entre outras mudanças climáticas graves. O tema já foi alvo de debates em importantes encontros internacionais, resultando em várias previsões [algumas dramáticas] e a criação de protocolos e metas pelos países. De alguns anos para cá, porém, os cientistas mudaram o discurso, e ganhou adeptos a tese de que a Terra, na verdade, está esfriando. De que o tal aquecimento global "deu um tempo" desde 1997.

      As discussões ficaram mais acaloradas e a tese do aquecimento tomou uma ducha de água fria, com imagens de satélite mostrando que a calota polar ártica cresceu 60% de agosto de 2012 a agosto deste ano [veja imagem acima]. Essa camada ininterrupta de gelo ocupa hoje uma área de quase um milhão de quilômetros quadrados, o equivalente a mais de meia Europa, antes mesmo do começo do outono no hemisfério norte. [Há, porém, quem questione esse dado, apontando como necessária uma avaliação da espessura da calota de gelo]. A imagem de 2012 [acima à esquerda] mostra o menor tamanho da calota do Ártico na história.
      
        Segundo o "Mail Online", as imagens impressionantes do aumento da calota polar em 2013 fizeram com que a divulgação do Relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC) fosse adiada. O vazamento de parte de seu conteúdo levou cientistas a dizer que o mundo caminha para um resfriamento que deve prosseguir pelo menos até meados deste século. Isso contradiz as previsões feitas há vários anos por computador [e divulgadas pela BBC] que davam como certa a extinção catastrófica da calota do Ártico no verão de 2013, devido ao aquecimento global -- e resultante principalmente da emissão de carbono pela humanidade.

     Claro que essas previsões e informações envolvem não somente os ambientalistas: elas interferem também nos rumos da economia mundial. Vários países investiram milhões de dólares em "medidas verdes", em razão das projeções do aquecimento global. Entre especialistas as incertezas ficaram maiores. Na comunidade acadêmica, há quem considere que o mundo pode estar próximo de um período semelhante ao 1965-1975, quando houve clara tendência de resfriamento. [À época, alguns cientistas previam uma iminente nova era glacial.] O IPCC diz que é "95% certo" de que o aquecimento global foi provocado pela ação do homem. Ou seja, de que os ciclos da natureza não são suficientes para explicar o aumento, nos últimos 150 anos, das temperaturas e seus efeitos na vida no planeta Terra.

     Se eles não se entendem...


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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

VOTO ABERTO AMPLO, GERAL E IRRESTRITO



Houve época em que as palavras de ordem eram "abaixo a ditadura" e "anistia ampla, geral e irrestrita". Era o tempo soturno dos coturnos, o pós-golpe militar de 1964. Muita gente boa, honesta, e oposicionistas tiveram que deixar o país, em auto-exílio, para não serem presos, torturados ou mortos. Depois de 10 anos no poder, governando por atos institucionais e censurando qualquer contestação, os militares sofreram seu primeiro revés, nas urnas. Em 1974, a oposição permitida, chamada de Movimento Democrático Brasileiro (MDB), ganhou pelo voto popular 16 das 22 cadeiras no Senado, derrotando a governista Aliança Renovadora Nacional (Arena). Depois, a partir de 1976, as universidades "pegaram fogo" e os estudantes foram às ruas contestar o regime militar. Em seguida, ressurgiram as greves de trabalhadores, com assembleias que reuniam 100 mil operários no estádio da Vila Euclydes, no ABC paulista, berço de Lula. A ditadura acabou em 1985.

        Quase 30 anos depois de restauração da democracia, da reforma da Constituição em 1988, da volta da liberdade partidária, das eleições diretas para todos os cargos, do impeachment do presidente Collor, por corrupção e uso de caixa 2 nas eleições, o país passou a se frustrar ano após ano com os políticos, apesar da importante conquista da estabilidade econômica. Pipocaram casos de suspeita de  corrupção no governo Fernando Henrique, como a comprovada compra de votos para a emenda da reeleição. O mesmo veio a ocorrer recentemente, com o mensalão no governo Lula. A população se cansou da impunidade e foi às ruas protestar em junho deste ano. O país passou a viver sob uma crise de representação, e o alvo principal é o Congresso -- que hoje não cassa nem deputado condenado por crime de desvio de dinheiro público, mesmo com o meliante já devidamente enjaulado.

       Com o Congresso "descolado" da sociedade e legislando em causa própria [como, por exemplo, nos reajustes elevados de seus salários etc], a nova palavra de ordem passou a ser "Voto aberto amplo, geral e irrestrito", em todos os legislativos. O voto aberto permite maior poder de fiscalização dos parlamentares pela população. Tanto em projetos e votações de temas importantes como em momentos de crise [no caso a cassação de um deputado], o voto aberto é melhor. O voto secreto deve ser um direito apenas do eleitor, para evitar que ele sofra pressão de "coronéis", para evitar represálias contra os descontentes, para sepultar o "voto de cabresto".

      A Câmara dos Deputados acaba de aprovar o fim do voto secreto. Mas isso não impede que o Senado -- o projeto ainda deve tramitar ali por dois meses -- altere o texto. Os senadores poderão manter o voto secreto, por exemplo, em casos de avaliação de vetos presidenciais. E mais: há outro projeto que só obriga o voto aberto em cassações de mandato. Por que os deputados e senadores temem tanto o voto aberto? Foram eleitos para representar ideais de seus eleitores, a eles devem satisfação. Querem esconder o quê? Ser parlamentar não é uma profissão, é uma representação com prazo de validade. Voto aberto é transparência.Voto secreto sugere segundas intenções e casuísmos.

     PS - Em tese, o voto secreto só funcionaria em regimes fechados, quando os parlamentares poderiam votar "livremente", atenuando a pressão de um governo ditatorial. Mas numa ditadura, o Congresso pode ser simplesmente fechado.

    

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O ERRO QUE DUROU 21 ANOS, MAIS 28



Militares contestaram o mea culpa das Organizações Globo, que anunciaram no último sábado (dia 31 de agosto) em editorial ter se arrependido de apoiar o golpe militar de 1964, que colocou o Brasil nas trevas da ditadura por 21 anos. Não é preciso explicar muito para entender o motivo pelo qual as equipes de jornalistas da Globo são hostilizadas e até expulsas das manifestações de rua desde a luta pela volta da democracia até hoje, como aconteceu nos protestos de junho passado. Recentemente, manifestantes ainda arremessaram estrume na sede da Rede Globo em São Paulo.

Em nota oficial, os militares dizem ser uma "mentira deslavada" a razão alegada pela Globo para reconhecer [só agora, 28 anos depois do fim da ditadura militar] o que a emissora chamou de "erro redacional".

Para entender o caso, leia a íntegra da nota oficial divulgada hoje (4 de setembro) pelo Clube Militar:

"Numa mudança de posição drástica, o jornal O Globo acaba de denunciar seu apoio histórico à Revolução de 1964. Alega, como justificativa para renegar sua posição de décadas, que se tratou de um “equívoco redacional”.

Dos grandes jornais existentes à época, o único sobrevivente carioca como mídia diária impressa é O Globo. Depositário de artigos que relatam a história da cidade, do país e do mundo por mais de oitenta anos, acaba de lançar um portal na Internet com todas as edições digitalizadas, o que facilita sobremaneira a pesquisa de sua visão da história.

Pouca gente tinha paciência e tempo para buscar nas coleções das bibliotecas, muitas vezes incompletas, os artigos do passado. Agora, porém, com a facilidade de poder pesquisar em casa ou no trabalho, por meio do portal eletrônico, muitos puderam ler o que foi publicado na década de 60 pelo jornalão, e por certo ficaram surpresos pelo apoio irrestrito e entusiasta que o mesmo prestou à derrubada do governo Goulart e aos governos dos militares. Nisso, aliás, era acompanhado pela grande maioria da população e dos órgãos de imprensa.

Pressionado pelo poder político e econômico do governo, sob a constante ameaça do “controle social da mídia” – no jargão politicamente correto que encobre as diversas tentativas petistas de censurar a imprensa – o periódico sucumbiu e renega, hoje, o que defendeu ardorosamente ontem.

Alega, assim, que sua posição naqueles dias difíceis foi resultado de um equívoco da redação, talvez desorientada pela rapidez dos acontecimentos e pela variedade de versões que corriam sobre a situação do país.

Dupla mentira: em primeiro lugar, o apoio ao Movimento de 64 ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da deposição de Jango; em segundo lugar, não se trata de posição equivocada “da redação”, mas de posicionamento político firmemente defendido por seu proprietário, diretor e redator-chefe, Roberto Marinho, como comprovam as edições da época; em segundo lugar, não foi, também, como fica insinuado, uma posição passageira revista depois de curto período de engano, pois dez anos depois da revolução, na edição de 31 de março de 1974, em editorial de primeira página, o jornal publica derramados elogios ao Movimento; e em 7 de abril de 1984, vinte anos passados, Roberto Marinho publicou editorial assinado, na primeira página, intitulado “Julgamento da Revolução”, cuja leitura não deixa dúvida sobre a adesão e firme participação do jornal nos acontecimentos de 1964 e nas décadas seguintes.

Declarar agora que se tratou de um “equívoco da redação” é mentira deslavada.

Equívoco, uma ova! Trata-se de revisionismo, adesismo e covardia do último grande jornal carioca.

Nossos pêsames aos leitores."

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terça-feira, 3 de setembro de 2013

EM NOME DE DEUS



Imagine se Deus usasse a justiça dos homens para processar quem pronuncia o seu nome em vão. Isso faria certamente a alegria dos advogados, que ficariam ricos mais rapidamente. Deus ganharia milhares de ações por calúnia, difamação e danos morais. Em nome dele, fala-se de tudo, justifica-se qualquer coisa, ato ou ideia. Vende-se a alma a qualquer preço, compra-se pensamentos ruins e baratos, arrecada-se dinheiro [muito dinheiro] de quem não tem onde cair morto. Em nome dele, uma pessoa se mata (que Deus a tenha), pessoas são mortas [que Deus nos perdoe] e há até casos em que corruptos foram filmados [com sacolas cheias de dinheiro] orando pela "graça alcançada". É um escárnio, mas Deus -- se é que ele existe mesmo -- não tem nada a ver com isso.
 
      Você liga a televisão e escuta blasfêmia atrás de blasfêmia [Deus me livre]. Passeando pelos canais, você dá de cara com um torneio de MMA [Mixed Martial Arts], que dizem ser um "esporte". Deve haver algum engano aí. Trata-se de um espancamento autorizado. Não há esporte no MMA [nem no boxe]. O objetivo é esmurrar o adversário, fazê-lo sangrar, feri-lo com socos, cotoveladas e joelhadas mesmo quando o rival já está desacordado. O curioso é que após esse banho de sangue nos octógonos, grande parte dos vencedores, em entrevistas, ainda agradece "a Deus" por ter quase matado um oponente [e por isso vai ganhar um bom dinheiro]. Um locutor famoso até que tentou "glamourizar" essa selvageria, chamando os lutadores de "gladiadores do 3º milênio". É a decadência humana. Na minha concepção, só é esporte aquele jogo ou atividade em que o objetivo é ganhar fazendo mais pontos ou errando menos, ou sendo o mais veloz ou o mais alto...

      Mudo, então, de canal e me vejo diante de Valdemiro Santiago, chefão da Igreja Mundial, que pretende comprar a MTV. Sim, é ele mesmo, aquele sujeito [dissidente do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal] que, usando um chapéu de boiadeiro, se auto-proclama "apóstolo" e afirma que Deus opera milagres através dele. Costuma pedir dinheiro no ar ["preciso de R$ 700 mil agora!"], sem nenhum rubor, para supostamente pagar programas na TV, em horário arrendado ["porque sem isso, essa obra acaba"]. Você sabe, as igrejas têm isenção de impostos. É a garantia perfeita para a lavagem de dinheiro.

     Mudo de canal outra vez [não estou com sorte, Deus me ajude] e me vejo, de novo, diante de outro bispo, R.R. Soares, da Igreja Internacional, que aliás conseguiu permissão da Anatel para comprar do Grupo Abril três operadoras de serviço especial de TV por assinatura. Tudo em nome de Deus. Como disse o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): "Meu Deus, por que me abandonastes/ se sabias que eu não era Deus/ se sabias que eu era fraco". [Deus te ouça, pelo amor de Deus!]
   Mudo outra vez de canal, e o zap corre, corre, corre e pára na Rede Vida, da Igreja Católica, na hora de um programa que explica o Evangelho. O "timer" expirou, a televisão desliga sozinha. [Deus lhe pague!]