É inacreditável e de lascar a informação de que o campus da Universidade de São Paulo-Leste (conhecido por USP-Leste) tenha sido construído sobre uma área contaminada. O caso revela com rara clareza como é o tratamento dispensado pelo governo à Educação. Alunos -- cerca de 6 mil -- e professores podem "ir pelos ares" devido à concentração de gás metano, substância tóxica e altamente inflamável. Não é à toa que os docentes entraram ontem (dia 10) em greve por tempo indeterminado no campus de Ermelino Matarazzo, zona leste da capital. Embora o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), tenha dito que não há riscos, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) -- provavelmente para não ser acusada de omissão -- colocou uma placa de aviso num ponto onde pode haver perigosa concentração de gás. A placa diz com todas as letras (foto acima) que a "área está interditada por conter contaminantes com risco à saúde".
Segundo a "Agência Brasil", a Cetesb informou que já autuou a USP-Leste em 2 de agosto, para "o cumprimento do que consta na licença de operação". Foram feitas exigências técnicas para evitar um acidente grave. Ainda de acordo com a agência de notícias, está prevista a realização de um mapeamento e a interdição de áreas conforme o grau de risco -- que é real se o gás ficar retido em recintos fechados.
Adriana Tufaile, da diretoria da Associação dos Docentes da USP, é necessário que a unidade seja interditada porque, segundo ela, há risco de que o gás metano possa entrar em combustão. "Nós queremos transparência e informações mais completas", disse. Por nota, a USP reconheceu que o campus Leste foi erguido em uma área "ambientalmente problemática". Durante a obra [para aplainar o terreno onde foram erguidos os prédios da USP-Leste] foram despejadas terras de origem desconhecida, que provavelmente continham lixo orgânico. Análises laboratoriais posteriores demonstraram que estavam contaminadas. A universidade já instaurou sindicância para definir as ações -- como a instalação de dutos exaustores de gás.
"As exigências estão sendo cumpridas na medida do possível, levando em consideração os mecanismos de contratação de serviços por meio de processos licitatórios", diz a nota da USP, sugerindo que o processo legal é demorado. A USP-Leste é a sede da Escola de Artes, Ciências e Humanidades. As aulas estão suspensas até pelo menos a próxima segunda-feira
(dia 16).
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