Deu na "Folha" hoje que moradores de São Paulo se queixam da cantoria dos sabiás-laranjeiras. Na verdade, a reportagem mostra duas pessoas assumindo publicamente que se sentem incomodadas. Devem existir mais. Mas fiquei estarrecido. Na minha infância e adolescência, adorava observar os sabiás-laranjeiras ciscando no gramado de casa, no Alto da Boa Vista, zona sul da capital, uma região que ainda é verdejante.
Especialistas dizem que esse pássaro canta principalmente para defender o território de outros
machos e seduzir a fêmea. O canto noturno dura cerca de 2 horas. Segundo depoimento dado à "Folha" por um ornitólogo, a fêmea entende essa paquera "sinfônica" do seguinte modo: o macho que gorjeia com mais vigor, em tese, é mais capaz de alimentar os filhotes e defender o ninho dos predadores. A cantoria começa com a chegada da primavera e se estende até o verão, época de acasalamento. Os sabiás são bons cantores.
A opinião da jornalista Simone Galib, hoje (16 de setembro), no Facebook
"Há pessoas reclamando do barulho dos pássaros [em São Paulo], mais especificamente do sabiá- laranjeira. Pois digo que eles são uma verdadeira bênção em minhas madrugadas. Adoro ficar na varanda ouvindo essa sinfonia inusitada de primavera... que se espalha por toda a casa.
Como passarinhos podem incomodar tanto os humanos, que dormem com a TV ligada, fones de ouvidos de seus celulares, roncos e até mesmo com o barulho ensurdecedor de seus pensamentos? E nada disso os incomoda, claro! Que os sabiás continuem cantando cada vez mais alto e os incomodados que se mudem!
A minha sugestão
Os incomodados que se mudem... para outro planeta!
Em tempo: já estão abertas as inscrições para a colonização de Marte, a partir de 2023. O bilhete é só de ida. Lá não há sabiás -- aliás, nenhum pássaro, nenhum animal. Não tem também florestas, nem rios caudalosos, nem oceanos, e a temperatura varia de 70 graus negativos a 17 positivos. Ah, tem muita tempestade de areia. Só não vai enxergar quem não quiser ver.
Sugiro que os incomodados levem na bagagem um livro do escritor Gonçalves Dias, com a poesia "Canção do Exílio", porque podem dela se lembrar. A primeira estrofe diz:
"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui
gorjeiam,
Não gorjeiam como lá."
Em Marte, não se ouve um pio. Nada mais foi dito, nada mais foi perguntado.
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