terça-feira, 24 de novembro de 2015

QUANDO A VÍTIMA TOLERA [ATÉ AMA] O CARRASCO

             
Sem opção; moradores defendem a permanência da Samarco em Mariana [MG], apesar da tragédia da barragem
               Centenas de pessoas vestindo camisas brancas com os dizeres “Justiça sim, desemprego não!" realizaram na semana passada uma manifestação pela manutenção da mineradora Samarco, em Mariana (MG). A passeata terminou aos gritos de “Fica, Samarco!”. Eram 1.000 pessoas, segundo a polícia. A situação explica: a cidade, sem ser auto-sustentável, está entre a cruz e a espada, Triste é ver a falta de opção para a sobrevivência econômica levar uma população a "abraçar o diabo" -- como se sem a mineradora Samarco não houvesse chance à vida e à economia, nem mesmo a possibilidade de outra mineradora [mais responsável, existe isso?] assumir a exploração de minérios no município. É uma espécie coletiva de "síndrome Estocolmo"? Esse é o nome dado a um estado psicológico em que uma pessoa submetida há um tempo prolongado de intimidação passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor.


                A síndrome não consta da lista de patologias psiquiátricas reconhecidas, por isso especialistas preferem tratar a pretendida síndrome como um "mito urbano", afirmando não haver base para classificá-la como um distúrbio da mente. A síndrome tem esse nome em referência ao famoso assalto a banco em Estocolmo, na praça Norrmalmstorg, e que durou de 23 a 28 de agosto de 1973, sendo o primeiro evento criminoso transmitido ao vivo pela TV naquele país. No caso, as vítimas defendiam seus raptores mesmo depois dos seis dias de "prisão física" terem terminado e, ainda mais, mostraram um comportamento reticente nos processos judiciais que se seguiram. O termo foi cunhado pelo psicólogo Nils Bejerot, que ajudou a polícia durante o assalto, e se referiu à "síndrome" durante uma reportagem.

              O caso mais famoso da "doença" ocorreu com Patty Hearst, que desenvolveu a síndrome em 1974, após ser sequestrada pela organização engajada esquerdista Exército de Libertação Simbionesa, na Califórnia (EUA). No cativeiro, ela ficou dias trancada num armário, no escuro, saindo de olhos vendados só para comer e receber ensinamentos políticos. Depois, passou a ter uma lanterna para ler os textos no "congelamento".  Como efeito da "lavagem cerebral", ela anunciou que mudara seus conceitos de vida e, com o apelido de "Tânia", juntou-se aos seus raptores, indo viver com eles e sendo cúmplice em assaltos a bancos. Nesse período, ela teria sido "estuprada". Neta de um magnata editorial americano, Hearst foi presa 19 meses depois de seu sequestro, julgada e condenada a longa pena de prisão. A sentença, que gerou polêmica, foi comutada pelo presidente Jimmy Carter. Anos depois, ela ainda foi perdoada pelo presidente Bill Clinton.

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