quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O RESUMO DA ÓPERA - SEMPRE ÀS QUINTAS

UMA LEITURA SEMANAL DOS JORNAIS -- N9 - 26.11.2015

POR GEORGE ALONSO

André Esteves, do banco Pactual, preso sob a acusação de prejudicar investigação na Lava Jato

LIGAÇÕES PERIGOSÍSSIMAS


A prisão de André Esteves, sócio do banco Pactual, causou tanta repercussão como se não fosse sabido que banqueiros de qualquer matiz político financiam campanhas e mandam a conta depois. Só que desta vez, o faroeste caboclo envolveu cidadãos acima de qualquer suspeita, gente muito rica e poderosa. E agindo juntos contra uma investigação pesada, a corrupção na Petrobras e a compra da companhia de petróleo de Pasadena, nos Estados Unidos. As gravações telefônicas revelaram uma aposta na impunidade e no tráfico de influência. A ponto de a Justiça reafirmar a prisão do banqueiro e decidir pela transferência do delator premiado, com medo que ele seja morto na cadeia... 

Delcídio do Amaral: preso por negociar fuga com delator
O que impressionou é saber que ele teve acesso a declarações sigilosas da delação premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, na Operação Lava Jato. O lugar dele no banco foi assumido pelo economista Pérsio Arida, que já esteve no Banco Central
e é considerado um dos pais do Plano Real. Amigo de Lula, não escondia 
de ninguém que votou em Aécio para presidente em 2014. Pior: o ex-tucano 
e atual senador petista e ex-líder do Governo desde ontem, Delcídio do Amaral foi pego em gravação sugerindo a Cerveró R$ 50 mil mensais para não aceitar a delação premiada e mais direito a fuga pelo Paraguai, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), em um jato Falcon 50. Iria para Madri, onde obteria com facilidade a cidadania espanhola e fixaria residência. Tudo isso é estarrecedor... tanto quanto a suspeita cada vez maior de que há um esquema de vazamento ilegal, nem um pouco republicano, de dados da investigação para investigados e outros interessados. Há, segundo a "Folha", forte suspeita de que policiais instalaram grampos ilegais em departamentos da própria Polícia Federal, para investigarem uns aos outros.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi muito claro ao comentar que havia até anotações manuscritas de Cerveró com o banqueiro. "Isso revela a existência de perigoso canal de vazamento, cuja amplitude não se conhece. É um genuíno mistério o fato de que um documento guardado em ambiente prisional, sob sigilo, tenha chegado às mãos de um banqueiro privado em São Paulo".

PS  - A República está em frangalhos, é um castelo de areia desmoronando. De qualquer lugar onde você aperta, esfarinha ou sai lama -- desde quem paga um despachante para liberar multas de trânsito e pontos na carteira até banqueiro "interessado" e empreiteiro falido. E todos replicam, em geral, o raciocínio tacanho e sórdido de nossas elites. Se mexermos, muito"santo" vai vira diabo e muito diabo vai se "purificar", não de todo, é claro. Não adianta o ex-presidente FHC chiar e tentar tirar proveito da situação, porque se houver mesmo rigor na apuração, ele também pode ser forte candidato ao banco dos réus, com chance de ir para a cadeia. A corrupção parece ser mesmo atávica na vida política e econômica brasileira, só que agora com valores estratosféricos e dando sinais de que o banditismo é logo ali [ou aqui?].

Com rigor, meio Brasil vai para a cadeia. Haverá cama para tanta gente? Nunca é demais repetir, quando privado e o público já não se distinguem mais: é hora de refundar a República, fazer as reformas política e tributária de verdade. Que tal começarmos por elegermos uma Constituinte exclusiva? E correndo...


AMIGO DA ONÇA?


José Carlos Bumlai: preso por fraude com R$ 12 milhões

A força-tarefa da Operação Lava Jato mira em financiamentos concedidos pelo BNDES a empresas do pecuarista, falido, José Carlos Bumlai. São alvos da investigação a São Fernando Açúcar e Álcool e a São Fernando Energia 1, empresas sob administração dos filhos do amigo do ex-presidente Lula. A São Fernando Açúcar e Álcool foi beneficiária de um primeiro empréstimo, no montante de R$ 64 milhões, em fevereiro de 2005. Isso ocorreu quatro meses depois de um empréstimo de R$ 12 milhões ter sido concedido pelo Banco Schahin a Bumlai – dinheiro que teria sido destinado ao PT. Segundo a investigação, para pagar a campanha presidencial. Uma operação fictícia de doação de “embriões de gado de elite” para agropecuárias do Grupo Schahin teria sido a forma de simular a quitação formal do empréstimo de R$ 12 milhões concedido, em 2004, pelo banco do grupo ao pecuarista. O dinheiro que nunca foi devolvido para Schahin teria abastecido os cofres do PT e de campanhas do partido, entre elas a reeleição do Lula em 2006, suspeita a força-tarefa da Operação Lava Jato, informa o "Estadão". 

Bumlai foi preso na terça (dia 24), na Operação Passe Livre, nome dado pelo fato de o pecuarista ter entrada livre no gabinete da Presidência, no primeiro mandato de Lula. Não há provas de envolvimento de Lula. “A Receita constatou que a empresa [SFAA] estava inativa na época, não tinha empregado, nem receita operacional quando recebeu o primeiro empréstimo”, assinala o procurador da República Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa do Ministério Público.  Já em 2012, a São Fernando Energia 1 tinha apenas sete funcionários. Mas recebeu um aporte no capital social, elevando-o de R$ 10 mil para R$ 30 milhões, e começou a ter atividade operacional. Os fatos ainda estão sob investigação. Para obter os empréstimos, Bumlai teria usado o nome de Lula, sem que o presidente soubesse.
ENQUANTO ISSO LÁ FORA...
Oposição ganha eleição na Argentina e Turquia abate caça russo em seu espaço aéreo.
PROCURA-SE NOS JORNAIS BRASILEIROS
A obra: "O Acrobata do Amor"
Artista plástica, ela é a única "da terrinha" a ter uma obra na sempre grandiosa exposição anual de aniversário do Grand Palais, em Paris, na França. A 131ª mostra comemorativa teve sua vernissage na terça (dia 24). A comissão internacional da Sociedade de Artistas Independentes (Salão dos Independentes) já havia selecionado “O Acrobata do Amor”, tela de 1,30 x 2,00 m, pintada com técnica acrílica, crayon a óleo e grafite (foto à esquerda).

É o reconhecimento estrangeiro ao trabalho e ao talento de uma brasileira que atingiu a maturidade com suas telas gigantes, de até 4 metros de altura e cores vibrantes.  Embora seja possível ver alguma influência de Chagall e Matisse, os traços dela são originais e expressam feminilidade e também a sua vitalidade como artista. Não saiu uma linha na imprensa brasileira.

PS - Pergunto: qual é o nome dela? Aposto que não sabem. Acompanham a cena das artes plásticas no país? Ela se chama Angélica Pedroso. Há um silêncio dos cemitérios na mídia. A imprensa cultural morreu, por incompetência [ou desinteresse propositado?] para trazer à baila os novos talentos. A imprensa cultural brazuca dançou!!! Porque, repito, é cega, surda e muda!

A artista: Angélica Pedroso
O local: Grand Palais, em Paris

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