quinta-feira, 17 de setembro de 2015

COVARDIA NA HUNGRIA; E NOVA ROTA TEM MINAS*

     
Violência inaceitável contra refugiados: tropas húngaras agridem pais e crianças na fronteira da Sérvia

          Pelo menos 30 imigrantes foram detidos pelas autoridades húngaras durante os confrontos que aconteceram na fronteira com a Sérvia, que foi totalmente fechada com um alambrado de 4 metros de altura e uma barreira espiral de arame farpado no último dia 15. O governo de Budapeste, que também endureceu a leis de migração, alega que prendeu na ação um “terrorista” que teria sido identificado pelos serviços de segurança. A situação esteve mais calma à noite. A representante na Hungria do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados disse estar “angustiada” por “ver pessoas sendo feridas, por ver crianças a chorar porque ficaram separadas dos pais”. Montserrat Feixas Vihé considera que “a violência podia ter sido evitada”.

             Durante a tarde, um grupo de imigrantes começou a atirar garrafas de plástico vazias contra a polícia de choque húngara. A resposta veio desproporcional: muitas bombas de gás lacrimogêneo e borrachadas de cassetete em quem estivesse na frente. A polícia bateu em homens, crianças e mulheres. O secretário-geral das Nações Unidas [ONU], Ban Ki-Moon, considera “inaceitável” a forma como a Hungria está tratando os imigrantes e refugiados. Os confrontos ocorreram no posto fronteiriço que separa Roszke de Horgos, na Sérvia, que foi o principal ponto de passagem para os refugiados até ter sido fechado no início da semana.

             A nova rota migratória desvia-se então pela Croácia. Cerca de 1.300 migrantes entraram ontem no país, provenientes da Sérvia, mas têm que ter cuidado com as minas que restam da guerra dos Balcãs. Zagreb prometeu enviar peritos em desminagem para a região fronteiriça de forma a evitar tragédias. Aos poucos vários países vão fechando as portas. Se a Croácia não quiser absorver ou abrir passagem em seu território aos refugiados, que na maioria buscam a Alemanha, a mais forte economia da Europa, só sobrarão o Mar Egeu, via Turquia, e o Mar Mediterrâneo, via Líbia ou Tunísia. Em ambas as rotas a morte por afogamento tem sido muito comum.

Isso é que é centro-direita
       
Político finlandês oferece sua casa de campo em Kempele a refugiados
       
           A Islândia, com 315 mil habitantes, se dispôs a receber 50 refugiados, número considerado muito baixo, segundo moradores do país, que oferecem até suas casas para abrigá-los. Já a Finlândia, com 5 milhões de habitantes, pretende criar um imposto para receber mais refugiados. O "imposto da solidariedade" vai afetar a camada mais rica da população. O governo de centro-direita do país anunciou que o imposto deve durar dois anos, que prevê um aumento na arrecadação para equilibrar as contas nacionais. Quem ganha mais de 72.300 euros por ano [R$ 310 mil] irá pagar o imposto. Apesar de aumentar as arrecadações, o governo também vai precisar reduzir a ajuda destinada aos refugiados que chegam ao país, passando de US$ 360 [R$ 1,4 mil] para US$ 226 por mês [R$ 881], além de cortar o orçamento de programas sociais.

          O primeiro-ministro finlandês, Juha Sipilä, espera que o país seja um exemplo na crise dos refugiados da Europa. Enquanto muitos líderes do Velho Continente temem o movimento migratório e tentam evitar a entrada dos sírios, Sipilä chegou a oferecer sua própria casa de campo, em Kempele, para abrigar os imigrantes a partir do início de 2016. "Devemos olhar no espelho e perguntar como nós podemos ajudar. Peço que parem com o discurso do ódio e se concentrem em cuidar de pessoas que fogem da zona de guerra, para que se sintam seguras e bem-vindas na Finlândia", disse. [Isso é que é centro-direita, hein!]. O presidente do Banco Central do país, Erkki Liikanen, também anunciou que vai doar um mês do seu salário, cerca de 10 mil euros [R$ 43 mil], aos refugiados.

        *As informações são dos jornais Folha,  Quartz, The Washington Post e The Star.

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