Soldado atacado e mordido quando tentava deter garoto palestino que atirou pedra, ou mulheres palestinas tentam libertar menino detido? |
O conflito entre palestinos e israelenses sempre foi pródigo em produzir fotos, em geral mostrando a desigualdade de armamentos. Sem entrar no âmbito das motivações do confronto, todo mundo sabe que uma foto vale mais do que mil palavras. Basta lembrar a imagem da criança curda, que morreu afogada tentando ir com a família para o Canadá, uma das imagens mais impactantes da nova onda de refugiados rumo à Europa. Nos últimos dias, outra fotogafia chamou a atenção para o Oriente Médio. Em Tel Aviv e em Jerusalém, um dos principais assuntos do noticiário é a imagem de um soldado israelense tentando deter uma criança palestina. O jornal local “Haaretz” descreveu a cena como indício de que o Exército perdeu a razão, mostrando "a face feia, louca e sem sentido da ocupação israelense". O vídeo foi gravado na última sexta-feira durante protesto semanal no vilarejo de Nabi Saleh, Cisjordânia. Algumas mulheres palestinas tentam impedir o soldado até que seu comandante dá instruções para que ele solte a criança. Segundo o “Haaretz”, o Exército afirmou que o garoto estava arremessando pedras contra o soldado.
As boas escolas de jornalismo ensinam que só é notícia quando um homem morde um cachorro -- nunca o contrário. No caso, há duas fotos. O tom da cobertura do caso, evidentemente, varia de acordo com o jornal. O “Haaretz”, que usou a foto de um soldado agarrado por palestinas, mantém uma posição crítica em relação ao Exército israelense. Já o popular site Ynet, por outro lado, publicou a notícia com a manchete “Garota morde soldado” e a fotografia ligeiramente diferente, de uma menina mordendo a mão do militar, que parece ser a vítima de um “protesto violento”. Em agosto, um jovem palestino que lançava pedras contra um brucutu de Israel, usado em ações antimotim, foi morto com um tiro nas costas por um soldado. É o tipo da reação defendida pela extrema-direita, para quem as regras atuais de combate do Exército “amarram as mãos dos soldados” nessas reações dos jovens palestinos em suas manifestações nas zonas ocupadas -- ocupadas, sim, para evitar o que Israel chama de "terrorismo" incentivado pelos governos locais.
O jornal israelense “Haaretz” diz:
Mas como mil testemunhas, as imagens mostram que a vida do soldado não estava em risco durante um segundo sequer. Em diversos outros casos as vidas de soldados não estavam ameaçadas, e mesmo assim eles dispararam contra atiradores de pedras. O jornal elogia a atuação do soldado, que não disparou na sexta-feira, e a de seu comandante, que ordenou a soltura do garoto. Mas, segundo o “Haaretz”, o vídeo também exige a pergunta: o que o soldado deveria ter feito? As imagens revelam que ele não sabia como agir.
O diário “Jerusalem Post” também critica o episódio:
O que ninguém parece se perguntar é a razão pela qual após 48 anos gerenciando a Cisjordânia o Exército é repetidamente enviado para lidar com crianças que atiram pedras. É estranho que recrutas, com salários entre US$ 150 e US$ 300 ao mês, tenham que ser ao mesmo tempo soldados especialistas, profissionais no controle de protestos e às vezes um tipo de funcionário social e de relações com a mídia.
[se gostou, compartilhe ou dê "share"]
Nenhum comentário:
Postar um comentário