Puma: felino salvo pela nova lei contra a caça "esportiva" na Costa Rica |
A expressão caça "esportiva" diz tudo: pelo prazer de matar. Não sei qual prazer, dá um videogame ou um simulador para esse pessoal, talvez gozem nas calças. Porque na verdade sempre é uma covardia, além de um crime contra o planeta e a humanidade. Uma coisa é matar para se defender ou ainda, por exemplo, matar espécies invasoras que estão predominando e extinguindo um ecossistema, como as cobras gigantes pítons na Flórida [que foram levadas para os Estados Unidos como "pets" e depois, abandonadas na natureza pelos donos, viraram praga]. Outra é entrar na mata cheio de armas e munição, acompanhado por capangas e guias, para atirar num felino em seu habitat, com o único intuito patético de exibi-lo como troféu na parede da sala, ou inteiro no meio de um salão ou numa ridícula vitrine, com o uso das técnicas de empalhamento ou da taxidermia.
A Costa Rica, um dos países com maior biodiversidade [5%] do mundo e florestas preservadas, foi o primeiro [e é até o momeno o único] país latino-americano a proibir a caça comercial e "esportiva" de animais silvestres, como de grandes felinos [puma e jaguar], em seu território, além do tráfico e da posse qualquer tipo de bicho silvestre como mascote -- o famoso "animalzinho de estimação". A medida foi aprovada pelo Congresso há cerca de três anos. E funciona. A Costa Rica mantém uma legislação avançada de defesa da natureza desde os anos 1970, quando criou uma rede de parques nacionais que ocupa até 26% do seu território, e 1995, quando instituiu em todo o país o Sistema Nacional de Áreas de Conservação. A lei prevê multa de até US$ 3 mil [cerca de R$ 12 mil] e prisão de 2 a 4 meses, dependendo do tipo de animal silvestre abatido. Quem mantiver animal silvestre em cativeiro, como macacos, pode receber multa de US$ 600 a US$ 1,2 mil [R$ 4,8 mil], além da apreensão do bicho de estimação. Uma das principais fontes de renda do país atualmente é o turismo ecológico. A lei atende também a situações específicas, permitindo a caça com fins científicos, para subsistência e para eventual necessidade de controle populacional das espécies -- incluindo no caso a pesca.
Claro, não está sendo fácil, com 600 guardas florestais vigiar 13,2 mil quilômetros de áreas protegidas. Até com o dobro de guardas não seria tranquilo. Sempre há alguém a fim de burlar, e alguém a fim de se vender. Mas a lei que foi aprovada no Congresso partiu de iniciativa popular, recebendo mais de 177 mil assinaturas, e teve apoio da maioria dos partidos. O número de assinaturas em apoio ao projeto equivale a 3,7% da população do país, estimada em 4,7 milhões, em 2014.
E os circos estão proibidos de usar animais silvestres. Afinal, a vida não é mesmo um circo.
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