Desespero: refugiados e migrantes tomam trem rumo à Eslovênia, que tem devolvido migrantes à Croácia |
Polícia eslovena vigia migrantes |
Croácia fecha a fronteira: medida irrita a Sérvia |
Três dias depois de virar rota alternativa para os refugiados sírios e milhares de migrantes que rumam a países ricos da União Europeia, a Croácia fechou os postos de fronteira com a Sérvia e anunciou que não receberá mais pessoas. Após a Hungria erguer uma cerca de 176 km na fronteira com a Sérvia e fechar as portas aos migrantes, as autoridades croatas estimam que cerca de 14 mil estrangeiros entraram em seu território.
Com a decisão croata, foram fechadas todas as passagens de fronteira entre a Croácia e a Sérvia exceto o posto de Bajakovo, na estrada que liga as capitais dos dois países. Mas desesperados os refugiados, que incluem crianças de colo e cadeirantes, continuam entrando no país por campos abertos, sem usar as rodovias. O primeiro-ministro croata, Zoran Milanovic, que havia dito na quarta-feira (16) que seu país estava "pronto para aceitar e direcionar" os refugiados. Uma reunião do Conselho Nacional de Segurança, porém, mudou a forma de lidar com o problema. "Não podemos mais registrar e acomodar essas pessoas. Eles terão acesso a comida, água e assistência médica, depois podem prosseguir sua viagem. A União Europeia deve reconhecer que a Croácia não se tornará um foco de migrantes. Nós temos corações, mas também temos cabeças."
A mudança de atitude da Croácia irritou o governo da Sérvia, que teme que milhares de migrantes e refugiados, impedidos de entrar na União Europeia, acabem ficando no país. O ministro de assuntos sociais da Sérvia, Aleksander Vulin, disse que o país deve denunciar a Croácia a tribunais internacionais, caso as passagens de fronteira permaneçam fechadas. Ele argumenta que o país vizinho deveria ter se preparado para o grande fluxo de pessoas. "Não pagaremos o preço da incapacidade alheia", disse Vulin. "Lamento que a humanidade e solidariedade da Croácia tenham durado dois dias."
A Croácia tem direcionado muitos dos migrantes que entraram em seu território para a Eslovênia e a Hungria para que continuem sua viagem. A maioria deles tenta encontrar asilo em países mais ricos, como a Alemanha, que prevê receber até 1 milhão de pessoas em 2015. O tráfego de trens entre Croácia e Eslovênia foi interrompido, e muitas das pessoas que chegam a este país têm sido forçadas a retornar ao território croata.
A Hungria anunciou que iniciou a construção de uma cerca provisória de 41 km de extensão na divisa com a Croácia. "Durante a noite começaram as obras para o bloqueio da fronteira. Parece que não podemos contar com a ajuda de ninguém", declarou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban. Segundo a polícia, 453 migrantes entraram ilegalmente na Hungria a partir da Croácia na quinta-feira. Centenas de soldados e policias húngaros foram encaminhados à região fronteiriça para impedir a passagem irregular de pessoas. A Europa vive uma crise migratória sem precedentes. Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados mais de 411 mil pessoas atravessaram o Mediterrâneo para tentar entrar na Europa desde o início do ano.
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