Walter Palmer: prazer em matar |
Deu no "NYT". Leões passaram a surgir furtivamente das matas para
arrebatar bodes no meio da aldeia. Elefantes também se tornaram visitantes
frequentes, devorando o feijão, o milho e as melancias cultivados pelos
agricultores. Desde que Botsuana proibiu
a caça esportiva, há quase dois anos, comunidades remotas como Sankuyo estão à mercê
de um número crescente de animais selvagens. A proibição também levou a uma queda acentuada
na renda, já que os aldeões usavam o dinheiro dos caçadores para construir
casas e banheiros e dar pensão aos idosos.
[Inacreditável, quantos banheiros valem um leão morto? Quantos elefantes
abatidos pelo prazer de um caçador valem uma casa? E quantos impalas mortos valem uma pensão de
idoso... É a miséria humana ao cubo. Que
método mais esdrúxulo de promover o bem-estar social]
Os clamores pela proibição da caça esportiva em toda a
África aumentaram desde que um leão no Zimbábue, chamado de Cecil por
pesquisadores que o rastreavam, foi morto em julho por um dentista americano, Walter Palmer.
Com isso, várias companhias aéreas pararam de transportar troféus de caça. No
entanto, muitas comunidades rurais estão pedindo a retomada da caça. "Antes,
quando havia caça, nós queríamos proteger esses animais porque podíamos ganhar
alguma coisa com eles", disse Jimmy Baitsholedi Ntema, aldeão na faixa dos 60 anos.
"Agora não podemos mais tirar proveito deles. Os elefantes e búfalos
destroem nossas plantações de dia. À noite, os leões entram em nossas
aldeias."
[Curioso, entendo o argumento de que os animais silvestres não têm
limites geográficos. Buscam comida onde ela é farta e fácil. Mas o que o aldeão
diz é “guardamos o leão para o abate”, na prática não está protegendo nada. As populações de felinos selvagens vêm
diminuindo no mundo todo. Nesse ritmo em poucas décadas, leões só serão vistos em filmes antigos ou documentários de TV]
No início de 2014, Botsuana se tornou uma das poucas nações
africanas com vida selvagem abundante a dar fim à caça esportiva, em grande
parte devido às iniciativas conservacionistas no sul da África. O presidente
Seretse Khama Ian Khama afirmou que a caça não era mais compatível com a
conservação da vida selvagem e que devia haver mais incentivos ao turismo
meramente fotográfico. A decisão foi saudada por grupos de defesa dos animais
no Ocidente.
[A alegria pela defesa
dos animais durou pouco]
Botsuana, porém, é uma exceção honrosa. Autoridades e
conservacionistas na maioria dos países africanos são a favor da caça
esportiva, incluindo Zâmbia, que está recuando após uma breve suspensão da
atividade. "A caça existe aqui desde épocas remotas", disse Jean
Kapata, ministra do Turismo. Recentemente, Zâmbia suspendeu uma proibição
decretada há dois anos à caça de leopardos, e a caça de leões deve ser retomada
no próximo ano. Em 2013, o país reprimiu a caça esportiva e impôs uma proibição
total à caça de grandes felinos, igualmente a fim de substituir essas práticas
pelo turismo fotográfico. Isso, porém, gerou pouca renda, afirmou Kapata, ao
passo que leões passaram a atacar cada vez mais os rebanhos. Durante a
proibição, um membro do conselho local foi morto por um leão, comentou ela.
[Gravíssimo, uma
pessoa foi morta por um leão. Isso não teria acontecido se a caça estivesse
permitida? Para se defender, a pessoa não pode matar um leão? É como o tigre na
Índia que, cada vez mais perto da civilização, busca comida fácil. Mas as
terras onde ele vivia foram ocupadas pelo homem. A discussão não é quem vale
mais um leão ou tigre e o homem. É como evitar essa proximidade tão perigosa para o
homem. A questão é como não dizimar uma espécie animal].
"Na África, um ser humano é mais importante que um animal",
declarou Kapata. "Não sei se isso é diferente no mundo ocidental",
acrescentou, ecoando uma queixa em partes da África de que o Ocidente parece se
importar mais com o bem-estar de um leão do que com os próprios africanos. O
recuo de Zâmbia indica o papel central que a caça esportiva ocupa no manejo da
vida selvagem no sul da África. Essa atividade de lazer ocorre principalmente
em terras comunitárias cujas aldeias devem receber uma parte das taxas pagas
pelos caçadores.
[Coincidência, onde entra dinheiro... a população quer a volta da caça esportiva, aquela feita pelo prazer de matar um animal selvagem e tê-lo como troféu em casa]
Sankuyo,
aldeia com 700 habitantes, fica no leste do delta do Okavango, no norte de
Botsuana. Em 2010 ela ganhou quase US$ 600 mil pelos 120 animais -- incluindo
22 elefantes, 55 impalas e nove búfalos -- que ofereceu aos caçadores naquele
ano, relatou Brian Child, professor-adjunto na Universidade da Flórida, que
está à frente de um estudo sobre o impacto da proibição. Entre os benefícios
para a comunidade, 20 lares escolhidos por sorteio ganharam banheiros externos.
Piezômetros foram instalados em pátios levando água corrente para 40 famílias. Gokgathang Timex Moalosi, 55, chefe de
Sankuyo, disse: "Nós dissemos a eles que aquele leão ou elefante foi quem
pagou pelos banheiros".
Segundo especialistas, quando a caça esportiva
beneficia comunidades, as pessoas ficam mais motivadas a proteger a fauna. Por
outro lado, na maioria dos lugares sem a caça esportiva, os animais selvagens
são considerados um incômodo ou um perigo, e os moradores são mais propensos a
caçá-los para se alimentar ou a matá-los para defender suas casas e plantações.
[Então, está bem, vamos matar leões e elefantes até dizimar suas
populações, assim teremos mais banheiros. A lógica perversa, em vez de tirar os
leões dessas áreas periféricas e transferi-los, monitorando suas populações, só autorizando a caça
de excedentes]
Child disse
que a caça esportiva não beneficiou muitas comunidades devido à má gestão e à
corrupção. Porém, nos países onde a atividade funcionava bem -- Botsuana (até a
proibição), Namíbia e Zimbábue (até seu colapso econômico na década passada) --, as metas de gerar renda e proteger
animais selvagens haviam sido alcançadas. "Na realidade, isso trouxe uma
diminuição no número de animais mortos", disse Child.
[Quem sabe em breve, Child, um pesquisador
desinteressado, será visto matando leões em Botsuana, para explicar como deve funcionar para que os animais sejam protegidos e ele possa ter alguns troféus em casa]
Os leões,
que costumavam se banquetear com carne de elefantes deixados para trás por
caçadores, estão cada vez mais entrando em aldeias à procura de animais criados
para subsistência. "Está havendo um aumento exponencial de conflitos entre
animais e seres humanos", disse Israel Khura Nato, diretor da unidade de
controle do Departamento de Vida Selvagem em Botsuana. Segundo o departamento,
tais conflitos em todo o país aumentaram de 4.361 em 2012 para 6.770 em 2014.
Os incidentes devido à caça ilícita aumentaram de 309 em 2012 para 323 em 2014.
Galeyo Kobamelo, 37, contou que desde a proibição perdeu todos os 30 bodes na
propriedade de sua família para leões e hienas. Elefantes destruíram suas
plantações de sorgo e milho. A família não conta mais com a carne grátis
deixada pelos caçadores e sua mãe parou de receber a pensão. Moalosi, o chefe
de Sankuyo, disse que espera recuperar alguns benefícios depois que sua aldeia
fizer uma transição bem-sucedida para o turismo fotográfico.
[Ah, sim, ficou claro agora. Os leões só
passaram a entrar nas aldeias porque pararam com a matança de elefantes cuja
carne deixada para trás pelos caçadores era seu prato predileto. Então, que
voltem a trucidar elefantes só para pegar os dentes de marfim, deixando a resto para os felinos vorazes]
Na opinião de
especialistas, porém, turistas contemplativos circulam mais em áreas com grande
densidade de vida selvagem, como a Reserva Moremi no delta do Okavango, a oeste
daqui. Raramente eles se aventuram por áreas periféricas como Sankuyo,
justamente as que atraem caçadores. Em Sankuyo, William Moalosi está entre as
dezenas de pessoas desempregadas devido à proibição. Ele trabalhava como
rastreador e motorista e ganhava cerca de US$ 100 por mês.
Aldeões identificaram Moalosi, 40, como o homem que matou
uma leoa no mês passado. O animal havia invadido uma aldeia que tinha bodes.
Moalosi, porém, disse que nada sabe sobre isso, o que provocou sorrisos
coniventes de seus vizinhos. "Nós vivemos com medo desde que leões e
leopardos passaram a vir à nossa aldeia", disse. "Elefantes cruzam a
aldeia para ir ao outro lado da mata. Os cães latem para eles e nós corremos
para nos esconder em casa."
[Conclusão: deixem
matar leões, elefantes, búfalos e impalas à vontade porque assim todos ganham e as
pessoas terão mais vontade de defendê-los para poder, no futuro breve, fazer
cocô e xixi em banheiros, não no chão no meio da mata]
* O texto [que comento] foi publicado pelo jornal "The New York Times"
PS - A África do Sul estaria tirando das leoas alguns de seus filhotes e criando-os em cativeiro para depois serem abatidos por caçadores a preço de ouro. Esse seria o preço da "preservação" de leões. A essa prática é dado o nome de "canned" ou "caça enlatada".
Leia mais sobre a caça de animais
COSTA RICA DISSE NÃO À CAÇA "ESPORTIVA"
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* O texto [que comento] foi publicado pelo jornal "The New York Times"
Caça enlatada: leão que teria sido criado em cativeiro, morto por caçadores |
PS - A África do Sul estaria tirando das leoas alguns de seus filhotes e criando-os em cativeiro para depois serem abatidos por caçadores a preço de ouro. Esse seria o preço da "preservação" de leões. A essa prática é dado o nome de "canned" ou "caça enlatada".
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