quarta-feira, 7 de outubro de 2015

DENGUE, 403 MORTES NA BATALHA PAULISTA*

Pixação em muro de São Paulo revela revolta contra a imprudência de parte da população e o descaso dos governos


        São Paulo, além de campeão de casos de dengue, é o Estado com o maior número de mortes pela epidemia: 403 pessoas [58% dos 693 óbitos em todo o pais, só nos primeiros oito meses do ano], O dado consta do novo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde.  Entre janeiro e agosto, a região Sudeste concentrou 68,5% das mortes, Outros Estados com número expressivo de óbitos são Goiás (67), Ceará (50) e Minas Gerais (47). Apenas Acre, Roraima, Sergipe e Santa Catarina não registraram mortes. O número de mortos pela dengue no país é 70% maior do que o registrado no mesmo período de 2014. Os dados colocam 2015 como o ano recordista em óbitos decorrentes da dengue desde 1990. O recorde anterior era de 2013, com 674 mortes.

      Desde a descentralização pelo Estado do combate e da prevenção, cabendo aos municípios essas tarefas, a dengue cresceu [leia mais no link abaixo]. E com receio que o quadro piore com a chegada do verão, como ocorreu neste ano, várias cidades do interior paulista estão antecipando as ações de combate ao mosquito transmissor da doença e a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), do governo estadual, contratou desta vez 500 agentes que podem atuar em qualquer lugar que registre alta incidência da doença.
     
      Catanduva, uma das recordistas em casos, criou "força tática" para eliminar o Aedes aegypti em áreas públicas e em casas fechadas. Ações de combate foram antecipadas ou não sofreram interrupção em Campinas, Rio Claro e São José dos Campos, que também estão no ranking das cidades com maior transmissão da doença. Com previsão de um mês de outubro mais chuvoso que a média em certas regiões, cidades líderes na infestação apostam em políticas variadas. Em São José dos Campos, a prefeitura lançará a campanha contra a dengue nos próximos dias – em vez de deixar para dezembro – e usará um drone para monitorar áreas onde os agentes não conseguem chegar. O equipamento já foi usado neste ano, mas terá a utilização ampliada. Outras ações incluem multas para quem impedir a entrada de agentes nos imóveis.
  
      Já em Campinas, cidade no topo do ranking de casos, a prefeitura elaborou pela primeira vez um plano de contingência. "Tivemos um ano avassalador, um tsunami sobre todo o Estado, e temos um cenário preocupante para 2016. É muito melhor cuidar de pequenos incêndios, que são os casos que têm surgido agora, do que de um incêndio enorme", disse Carmino Antonio de Souza, secretário da Saúde.

     As 15 cidades com mais casos da doença somam 303.556 confirmações autóctones (contraídas no próprio município), ou 51% dos 595.637 registros do Estado neste ano. Embora com apenas 2.077 casos, São Carlos também já faz ações preventivas. Campo Limpo Paulista, com 344 casos, estuda voltar a recorrer ao Exército.

     Se o excesso de chuva contribui para o mosquito se procriar, a seca pode levar ao armazenamento inadequado de água. Por isso, em Sumaré e em Marília a aposta é na distribuição de telas para proteger caixas-d'água e reservatórios sem tampa. Sete das prefeituras relataram o armazenamento inadequado como um dos motivos para a epidemia de 2015: São Paulo, Guarulhos, São José dos Campos, Americana, Rio Claro, Sorocaba e Marília.

     O prefeito paulistano, Fernando Haddad, sancionou lei que autoriza o ingresso forçado de agentes de combate à dengue em imóveis particulares. Segundo o texto, publicado no "Diário Oficial" do último sábado (dia 3), essa medida extrema será tomada em caso de recusa ou ausência de pessoa que possa permitir a entrada do agente na casa. O projeto, aprovado pela Câmara Municipal, é vago ao prever as situações em que o ingresso forçado será usado. Diz apenas que a medida será adotada quando "se mostrar fundamental para a contenção da doença" e observados "os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e legalidade". A prefeitura diz que irá regulamentar a lei para deixar mais claras essas situações.
[Fontes: Agência Brasil e Folha] 

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