São Paulo, além de campeão de casos de
dengue, é o Estado com o maior número de mortes pela epidemia: 403 pessoas [58%
dos 693 óbitos em todo o pais, só nos primeiros oito meses do ano], O dado
consta do novo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde. Entre janeiro
e agosto, a região Sudeste concentrou 68,5% das mortes, Outros Estados com
número expressivo de óbitos são Goiás (67), Ceará (50) e Minas Gerais (47).
Apenas Acre, Roraima, Sergipe e Santa Catarina não registraram mortes. O número
de mortos pela dengue no país é 70% maior do que o registrado no mesmo
período de 2014. Os dados colocam 2015 como o ano recordista em óbitos
decorrentes da dengue desde 1990. O recorde anterior era de 2013, com 674
mortes.
Desde a descentralização pelo Estado
do combate e da prevenção, cabendo aos municípios essas tarefas, a dengue
cresceu [leia mais no link abaixo]. E com receio que o quadro piore com a chegada
do verão, como ocorreu neste ano, várias cidades do interior paulista estão
antecipando as ações de combate ao mosquito transmissor da doença e a Sucen
(Superintendência de Controle de Endemias), do governo estadual, contratou desta vez 500
agentes que podem atuar em qualquer lugar que registre alta incidência da
doença.
Catanduva, uma das recordistas em casos, criou "força tática" para eliminar o Aedes
aegypti em áreas públicas e em casas fechadas. Ações de
combate foram antecipadas ou não sofreram interrupção em Campinas, Rio Claro e
São José dos Campos, que também estão no ranking das cidades com maior
transmissão da doença. Com previsão de um mês de outubro mais chuvoso
que a média em certas regiões, cidades líderes na infestação apostam em políticas
variadas. Em São José dos Campos, a prefeitura lançará a campanha contra a
dengue nos próximos dias – em vez de deixar para dezembro – e usará um
drone para monitorar áreas onde os agentes não conseguem chegar. O equipamento
já foi usado neste ano, mas terá a utilização ampliada. Outras ações incluem multas para quem impedir a entrada de agentes nos imóveis.
Já em Campinas, cidade no topo do ranking de casos, a prefeitura
elaborou pela primeira vez um plano de contingência. "Tivemos um ano
avassalador, um tsunami sobre todo o Estado, e temos um cenário preocupante
para 2016. É muito melhor cuidar de pequenos incêndios, que
são os casos que têm surgido agora, do que de um incêndio enorme", disse
Carmino Antonio de Souza, secretário da Saúde.
As 15 cidades com mais casos da doença somam 303.556
confirmações autóctones (contraídas no próprio município), ou 51% dos 595.637
registros do Estado neste ano. Embora com apenas 2.077 casos, São Carlos também já faz ações preventivas. Campo Limpo Paulista, com
344 casos, estuda voltar a recorrer ao Exército.
Se o excesso de chuva
contribui para o mosquito se procriar, a seca pode levar ao armazenamento
inadequado de água. Por isso, em Sumaré e em Marília a aposta é na distribuição
de telas para proteger caixas-d'água e reservatórios sem tampa. Sete das
prefeituras relataram o armazenamento inadequado como um dos motivos para a
epidemia de 2015: São Paulo, Guarulhos, São José dos Campos, Americana, Rio
Claro, Sorocaba e Marília.
O prefeito paulistano, Fernando Haddad, sancionou lei que
autoriza o ingresso forçado de agentes de combate à dengue em imóveis
particulares. Segundo o texto, publicado no "Diário
Oficial" do último sábado (dia 3), essa medida extrema será tomada em caso de recusa ou ausência de pessoa que possa permitir a entrada do agente na casa. O projeto, aprovado pela Câmara Municipal, é vago ao prever as
situações em que o ingresso forçado será usado. Diz apenas que a medida será
adotada quando "se mostrar fundamental para a contenção da doença" e
observados "os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e
legalidade". A prefeitura diz que irá regulamentar a lei para deixar mais
claras essas situações.
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