terça-feira, 20 de outubro de 2015

O HOMEM QUE UNE PALESTINOS E JUDEUS

Marcos Gorinstein em aula de jiu-jitsu para crianças palestinas e judias: formando a geração da paz

            Vi na TV um documentário sobre o brasileiro Marcos Gorinstein, que virou professor de jiu-jitsu no Oriente Médio, em um colégio em que palestinos e israelenses [como ele, mas nascido no Rio de Janeiro] estudam. Sim, juntos. No filme que assisti no último final de semana, ele afirma que o projeto de dar aulas dessa luta marcial para jovens começou quando viu uma escola com o seguinte cartaz: "Nos recusamos a ser inimigos". Lá estudam judeus, árabes, armênios. Muçulmanos e cristãos. E Marcos diz que viu ali "uma oportunidade", "aqui posso dar minha contribuição" e passou a dar aulas para crianças de 5 a 14 anos.

            No documentário, ele afirma: "A primeira coisa que vem à cabeça de um palestino quando vê um israelense: ele deve ser soldado ou colono. E a primeira coisa que um israelense pensa ao ver um palestino:  ele deve ser um terrorista". Ou seja, só quando os dois lados se conhecerem melhor pelo convívio, aprenderem as duas línguas na mesma escola e juntos entenderem as dificuldades e a história de cada um, haverá chance para a convivência pacífica, sem extremismos e preconceitos. O contato físico que jiu-jitsu proporciona -- além de formar crianças pela disciplina, pelo respeito ao outro e não pela violência [na origem, o verdadeiro jiu-jitsu não eleva o espírito "pitbull" que se espalha por aí, nas ruas ou na TV, nos MMAs e vale-tudo da vida] -- acaba aproximando e permite que, aos poucos, possa ser formada uma "geração da paz". 

            Aos 35 anos, Marcos revela em seus artigos na Facebook que já montou uma turma de jiu-jitsu com palestinos em Hebron e em Beit Jalla, nos arredores de Belém. Em Jerusalém, trabalha com crianças israelenses. No documentário, ele também conta que já foi alvo de críticas dos dois lados, que já levou pedrada no carro etc. Mas não desiste: acredita que o convívio em escolas, de filhos e pais, fará a diferença no futuro. É um trabalho de formiguinha, que ele agora sonha mostrar em um filme em 2016. Quem sabe assim, a formiguinha não "contamina" mais gente. E assim surjam milhares de formiguinhas.

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