UMA LEITURA SEMANAL DOS JORNAIS - N4 - 22.10.2015
POR GEORGE ALONSO
Foto histórica: só deputados de mãos limpas e Eduardo Cunha , "O Probo", com o novo pedido de impedimento |
A PRESSA É INIMIGA DA OPOSIÇÃO
Até a semana passada, o Planalto apostava que precisava do deputado
Eduardo Cunha para segurar o impedimento [mas na verdade queria vê-lo sangrar,
com as denúncias documentadas, e vê-lo sair no limbo da presidência da Câmara,
onde se entrincheirou e virou franco atirador contra o governo]. Já articulava
nomes para sucedê-lo. A oposição abraçava "O Provo" e fazia encontros
na surdina para impor derrotas a Dilma no Congresso e fazê-la também sangrar,
para depois encurtar seu mandato. A oposição tem pressa.
Porque, salvo algum fato novo, a tendência agora seria "Cunha sai, Dilma fica"! Ainda que o Senado esteja avaliando a decisão do TCU sobre as “pedaladas”. É
inacreditável o esforço com que a oposição reverbera o caos, e busca alguma
forma legal para tirar Dilma do Planalto, sem que pareça um golpe. Aliás, como
disse o sociólogo André Singer, "um golpe contra a democracia". O
primeiro pedido de impedimento não daria certo porque se referia a "pedaladas" do mandato
anterior. Tecnicamente, pela lei, não
seria comunicável. Agora, no novo pedido incluíram supostas "pedaladas" de 2015. Mas como o
ano não terminou, segundo juristas, não dá para punir a presidente com o
impedimento, porque medidas ainda podem ser tomadas pelo governo.
Chega a ser patético. Aécio diz que Dilma é honesta: não rouba, mas
deixa roubar. Mas o partido dele, o PSDB, abraça "O Probo", que tem
milhões de dólares afanados do erário público em contas secretas na Suíça e
insiste em presidir a Câmara [com apoio dos tucanos e gente como o Paulinho da Força] como se fosse um imperador.
DÉFICIT
FISCAL NÃO VIOLA LRF
A previsão de um déficit primário no projeto de lei
orçamentária para 2016 não viola a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
segundo analistas ouvidos pelo “Valor”. O texto da lei, segundo eles, não exige
superávit. A legalidade do ponto de vista jurídico não retira os medos em
relação ao quadro fiscal. “A LRF exige superávit primário só em uma situação:
quando a dívida extrapola o limite. Como a União nunca teve e ainda não tem
limite de dívida, logo, pela LRF, a União não está obrigada a gerar superávit”,
diz José Roberto Afonso, professor do Instituto Brasiliense de Direito Público.
“O problema não é o Orçamento proposto para 2016. É a LRF não ser aplicada
plenamente.” Na terça (dia 20), ao divulgar as metas, o ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, defendeu que a proposta para 2016 é legal. “A LRF
estabelece que tem que mandar Orçamento com uma meta, mas não diz se positiva
ou negativa. É consistente ter déficit como meta.”
A oposição pode dizer: é um truque. Mas está dentro da lei.
A oposição pode dizer: é um truque. Mas está dentro da lei.
LEMBRETE
Embora incerto, qualquer avanço na situação
econômica, pode significar reviravolta nas camadas mais pobres, onde a petista
perdeu popularidade. Durante o mensalão
[que é nada perto das cifras bilionárias do petrolão] Lula levou
bordoada de todos lados, cambaleou, foi para as cordas quase nocauteado em pé,
mas aí descobriu uma saída para a crise econômica que já se aproximava, que foi a expansão do crédito. Aí, surfou na “marolinha”, se reelegeu e ainda fez a
sucessora. Mas agora não dá para se iludir... o autoengano ronda o PT. Em
relação a 2018.
A inflação nos governos FHC e Lula.
No governo Dilma, em 2014 (6,41.%) e 2015 (7,64% até setembro)
ESTÃO
EXAGERANDO?
"Apesar de o Brasil estar obviamente uma bagunça, do ponto de vista
político, e mesmo que a economia tenha sofrido um retrocesso perto de todo
aquele otimismo de alguns anos atrás, os fundamentos econômicos do país não
chegam nem perto de estar tão ruins quanto em episódios anteriores. A situação
fiscal não é desesperadora e o país está longe de um momento em que precisaria
imprimir dinheiro para pagar suas contas. A taxa de câmbio está alta, mas nada
perto dos níveis que associamos a crises graves. Houve, sim, impacto da queda
nos preços das commodities, e isso é significativo. Mas o Brasil de 2015 não é
a Indonésia em 1998, nem a Argentina em 2001. É um problema, é desagradável e
um pouco humilhante se ver nesta situação de novo. Mas as pessoas estão
exagerando.”
Os
profetas do caos estão certos? Ou Paul Krugman, Nobel de Economia, que acha um exagero o noticiário, porque o país está longe de precisar imprimir dinheiro para pagar suas contas. Tomara que Krugman esteja certo, porque seria bom para todos a inflação sobre controle. Curioso é que a economia global [em crise] teme mais uma
deflação.
EFEITO PAPUDA
Em
2009 a Camargo Corrêa foi pega na Operação Castelo de Areia, acusada de pagar
propinas em troca de contratos. Deu em nada. Na Lava Jato, o presidente da
Camargo foi preso e, diante das provas, fez acordo com o Ministério Público.
Não chegou a essa decisão pelo constrangimento da prisão preventiva. Ele e
todos os outros colaboraram para reduzir penas a que poderiam ser condenados.
Trocaram o risco de condenação longa em regime fechado pela admissão de culpa e
revelação de esquemas. Para réu rico, é melhor tornozeleira em casa em Angra
dos Reis do que enfrentar o cotidiano da prisão. Entre o fiasco judicial da Castelo de Areia e a Lava Jato ocorreu uma
novidade: o julgamento do mensalão. Nele, Kátia Rabelo, ex-presidente do banco
BMG, pegou 16 anos e José Dirceu, o ex-chefe da Casa Civil, foi para a cela. O
“efeito Papuda” mostrou que a cadeia estava aberta aos mais ricos e abriu o
caminho para as confissões da Lava Jato, segundo Elio Gaspari, na “Folha”.
Graças a essa operação, a Camargo Corrêa fechou acordo de leniência com o MP e
poderá virar a empreiteira de obras públicas que não suja sua marca. Coisa jamais
vista desde 1549, quando Tomé de Souza veio ao Brasil trazendo mestres de obras
para fundar uma cidade na Baía de Todos os Santos.
AMIGO
DE LULA QUER LER DELAÇÃO
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