O PM dublador de "Harry Potter" na versão brasileira do filme foi morto por bandidos no Complexo do Alemão |
A realidade foi cruel. Na batalha do bem contra o mal, o mal venceu. Desta vez, pelo menos. O dublador do personagem Harry Potter no cinema, protagonista dos filmes baseados na série de J.K. Rowling, foi assassinado na quarta-feira da semana passada (dia 30) em confronto com traficantes. O dono da voz do bruxinho era o policial militar Caio César Ignácio Cardoso de Melo, que completou 27 anos dois dias antes de sua morte. Ele trabalhava na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Fazendinha, no Complexo do Alemão, uma das áreas mais perigosas do Rio de Janeiro.
Melo patrulhava a localidade de Campo do Sargento, na comunidade Fazendinha, por volta de 11h, quando a sua guarnição foi atacada. Surpreendido, durante o tiroteio, ele foi atingido por três tiros, um deles no pescoço. Levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, morreu após quatro paradas cardíacas durante a cirurgia de emergência. Caio Melo dublou, além de Harry Potter, mais 20 personagens, segundo consta em uma página dedicada a ele na Wikipedia. Entre eles, o personagem de Daniel Radcliffe no filme "December Boys", o TK do desenho animado "Digimon", o Diego da série "Rebelde" e Sokka em "Avatar: A Lenda de Aang".
A escritora J.K. Rowling comentou a tragédia no twitter: "Desesperadamente triste de ouvir que Caio César, a voz brasileira de Harry Potter, morreu aos 27 anos. Minhas condolências para a família". Nas redes sociais, páginas dedicadas a dubladores lamentaram a morte. "Acabamos de receber a triste notícia que o dublador Caio Melo, que também exercia a profissão de policial, morreu", postou no dia do assassinato a página Dubladores Brasileiros. O site Dublapedia Brasil publicou uma nota no Facebook, assim como a página Daily Potter News, dedicada aos fãs do bruxo: "Levantem suas varinhas, potterheads", pedia o texto em homenagem a Caio Melo, dizendo que ele realizou "o sonho de ser policial para defender as pessoas, como o personagem que marcou sua carreira no cinema". Em nota oficial, a Warner Bros. Pictures Brasil enalteceu o "imenso talento" que contribuiu para o sucesso da franquia no país. "Foi um prazer ter Caio na família Warner Bros. Pictures Brasil em todos estes anos. Ele se tornou a voz de Harry Potter para uma geração de fãs e estará sempre em nossos corações", disse a nota.
A escritora J.K. Rowling comentou a tragédia no twitter: "Desesperadamente triste de ouvir que Caio César, a voz brasileira de Harry Potter, morreu aos 27 anos. Minhas condolências para a família". Nas redes sociais, páginas dedicadas a dubladores lamentaram a morte. "Acabamos de receber a triste notícia que o dublador Caio Melo, que também exercia a profissão de policial, morreu", postou no dia do assassinato a página Dubladores Brasileiros. O site Dublapedia Brasil publicou uma nota no Facebook, assim como a página Daily Potter News, dedicada aos fãs do bruxo: "Levantem suas varinhas, potterheads", pedia o texto em homenagem a Caio Melo, dizendo que ele realizou "o sonho de ser policial para defender as pessoas, como o personagem que marcou sua carreira no cinema". Em nota oficial, a Warner Bros. Pictures Brasil enalteceu o "imenso talento" que contribuiu para o sucesso da franquia no país. "Foi um prazer ter Caio na família Warner Bros. Pictures Brasil em todos estes anos. Ele se tornou a voz de Harry Potter para uma geração de fãs e estará sempre em nossos corações", disse a nota.
A relação Polícia Militar x sociedade brasileira é complexa e contraditória. Depois da ditadura militar, embora metade da população diga, segundo o Datafolha, que "bandido bom é bandido morto" [que a eliminação física do mal seria suficiente para, se não garantir segurança, vingar a sociedade], grande parcela teme ou desconfia da polícia. No ano passado, pelo menos 3.022 pessoas foram mortas pela polícia no país, contra 398 PMs, mortos por bandidos. Ontem de manhã, segunda-feira [5 de outubro], um PM foi morto e teve a motocicleta roubada no Rodoanel Mario Covas ao ser abordado por dois marginais perto do pedágio em Carapicuíba, na Grande SP. E quase ninguém ficou sabendo, porque ele não era o Harry Potter. No Rio de Janeiro, em outro tiroteio no Alemão, Deyverson Max da Silva Avelino, de 20 anos, morreu baleado. Segundo a polícia, ele era traficante. Os PMs envolvidos no tiroteio prestaram depoimento e tiveram as armas levadas para perícia.
Na batalha entre o bem e o mal, parece que apenas casos de bandidos famosos ou de supostos bandidos mortos [ou seja, inocentes sem passagem pela polícia] e de maus policiais [que fraudam tiroteios e matam por prazer] ganham notoriedade e chocam o país. Já bons policiais morrem anônimos, sem choro nem vela, exceto se for "um personagem de cinema". E esse filme se repete todos os dias, com baixa audiência.
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